Palco de crises e embates, ‘cercadinho’ do Alvorada marcou segundo ano do governo Bolsonaro

Ao longo de 2020, houve um clara mudança no perfil das pessoas que vão ao Alvorada para se encontrar com Bolsonaro

Os rumos da política brasileira passaram muitas vezes, ao longo de 2020, pelo chamado “cercadinho” montado pelo presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Muitas das declarações mais polêmicas do presidente, que tiveram impacto em áreas como política externa e economia, foram dadas a apoiadores nas conversas que aconteciam na saída e chegada à residência oficial. Desde o “cala boca” a jornalistas, até ataques ao presidente da OAB e a esposa do presidente francês, Emmanuel Macron, e o famoso “e daí?”, em relação ao número de mortos pela pandemia, aconteceram no local.

A questão é que o cercadinho começou a gerar mais prejuízos do que benefícios, chegando a ser chamado inclusive de “fábrica de crises”.  As críticas à imprensa, muitas vezes, transformaram o local em um palco de agressões — levando veículos de comunicação a abandonar a cobertura para proteger os profissionais. A situação, inclusive, virou um livro escrito pelo oficial da reserva da aeronáutica, Emílio Kerber. “Ele falava com a população, escutava e depois falava para a imprensa sobre a agenda positiva do governo. O ritual demorava uns 10 minutos e, muito do que ele falava, acabava sendo distorcido ou grande parte da imprensa pegava a frase e criava uma polêmica em cima disso. E a agenda positiva do governo era deixada de lado.”

Até junho, apoiadores e jornalistas acompanhavam, lado a lado, as falas de Bolsonaro. A estratégia só mudou após uma intervenção do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República e da chegada do ministro das Comunicações, Fábio Faria. A partir daí, o encontro do presidente com os apoiadores passou a acontecer em um “ambiente controlado” dentro do Palácio e sem a presença da imprensa — o que evita questionamentos tidos como indesejados.


Fonte: Jovem Pan

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