É permitido beber depois da vacina contra a Covid-19? Veja o que dizem os especialistas

Brasileiros questionam se o consumo de bebidas alcoólicas pode influenciar ou atrapalhar a eficácia das vacinas

A vacinação contra a Covid-19 segue avançando no Brasil. Até o momento, mais de 100 milhões de brasileiros já receberam ao menos a primeira dose das vacinas, que começam a chegar nos mais jovens. Em São Paulo, por exemplo, a expectativa é vacinar todos os cidadãos com mais de 18 anos até 16 de agosto. No Rio, por sua vez, a expectativa é finalizar essa primeira etapa até o fim do próximo mês. No entanto, com o avançar das faixas etárias, uma dúvida vem ganhando as redes sociais: pode beber depois da vacina? Os brasileiros questionam se o consumo de bebidas alcoólicas pode prejudicar a eficácia dos imunizantes. Na dúvida, alguns estão se antecipando e adotando as suas próprias recomendações. “Imaginei que a eficácia da vacina poderia ser afetada. A vacina simula uma contaminação e coloca o sistema imunológico para trabalhar, então associei que se não tomaria [a bebida alcoólica] caso estivesse doente de verdade, também não deveria tomar após a vacinação. Não que iria tirar toda a eficácia, mas que tiraria um pouquinho”, afirma Rubens Kühl, que esperou 14 dias para consumir álcool após tomar a primeira dose.

Ao mesmo tempo, outros preferem arriscar e beber após a imunização. A farmacêutica Thaina Domingues relata que recebeu a primeira dose da AstraZeneca e, no mesmo dia, acabou bebendo em uma comemoração. O resultado, já esperado por ela, foi confirmado: as reações à vacina foram potencializadas. “Acordei de madrugada tremendo, não sei se eu estava com febre, tomei remédio e apaguei em 15 minutos. No outro dia, era como se estivesse saindo de uma gripe muito forte, estava com dor no corpo, dor de cabeça, fraqueza. No domingo, acordei só com muita dor de cabeça. Acredito que se eu não tivesse bebido a reação seria mais branda”, afirmou. Por outro lado, a designer Clarissa Castro recebeu as duas doses da CoronaVac, consumiu álcool após a vacinação e não teve grandes reações. “Fiquei até pensando se eu deveria ter perguntado se podia beber, mas esqueci e bebi. Fiquei com medo de não poder ou de dar alguma reação. Quanto à eficácia, até pensei [se iria prejudicar], mas imaginei que se não pudesse beber eles teriam informado”, relata a designer, que diz ter sentido apenas um cansaço e dor no braço após a primeira dose. “Nada demais, não sei se foi da rotina ou se a vacina contribuiu”, completa.

Reações potencializadas x ineficácia: O que diz a ciência? 

A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), Mônica Levi, é clara: não há estudos, levantamentos ou qualquer contraindicação sobre o consumo de álcool antes ou após a vacinação — seja contra a Covid-19 ou outras doenças. De acordo com a imunologista, a recomendação de evitar as bebidas alcoólicas após imunização contra o coronavírus surgiu na Rússia, com um pronunciamento da vice-primeira-ministra russa Tatiana Golikova. “Ela disse que tinha que ficar duas semanas antes e de duas a quatro semanas depois da vacinação sem beber nada, porque a bebida alcoólica cortaria o efeito da vacina Sputnik V. No dia seguinte, o diretor do Instituto Gamaleya [responsável pela produção do imunizante], Alexander Gintsburg, contestou a fala, afirmando que beber moderadamente não teria prejuízos”, pontua a especialista, afirmando que essa discussão acabou chegando ao Brasil e levando pessoas a não se imunizarem.

“Tem gente que recebeu informação que não poderia beber nas primeiras 24 horas, outros por um mês, gente que deixou de se vacinar por isso. Não tem nada científico que mostre algum prejuízo na ingestão moderada de álcool. O que afeta a imunidade é o alcoolismo crônico, isso não é novidade. Então, não é álcool afetando a resposta imune de uma vacina, é o alcoolismo crônico que prejudica vários sistemas, incluindo o imunológico, deixando a pessoa com menor capacidade do funcionamento imune”, pontua. Dessa forma, a contraindicação é um boato: pode beber depois da vacina, desde que não seja em excesso. “É de bom senso não beber excessivamente no dia que se vacina para não confundir uma ressaca com um efeito adverso pós-vacinal, mas não tem uma potencialização, nunca foi demonstrado que se ingerir bebida alcoólica tem mais febre, mal estar ou prejuízo na resposta imune, são mitos”, finaliza.


Fonte: Jovem Pan

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