A pandemia tem afastado médicos, enfermeiros e outros profissionais da área da saúde que lidam diretamente no combate ao coronavírus. O contágio no serviço de saúde tem aumentado a cada dia. Entre os dias 21 e 31 de janeiro deste ano, a Associação Médica Brasileira ouviu 3.517s médicos no país e os dados obtidos revelam que 87% desses profissionais afirmam ter contraído Covid-19 nos últimos dois meses. Mais de 52% deles atuam na linha de frente. A popularidade do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, também foi testada na pesquisa: 72% dos médicos reprovam a gestão dele à frente da pasta.
A pesquisa mostrou também que a desinformação tem dificultado o trabalho na área. 86% dos médicos disseram que as fake news têm atrapalhado de forma direta o enfrentamento à Covid-19. 55% dos profissionais da área da saúde disseram ainda que as pessoas têm dificuldade em aceitar as decisões médicas no tratamento da Covid-19. E 37,7% dos médicos entrevistados se sentem pressionados pelos pacientes por tratamentos sem comprovação científica. O sindicato dos médicos também atribui aos médicos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) a responsabilidade pela desinformação da população brasileira.
O presidente da Associação, César Fernandes, fez duras críticas ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga: “Por um lado ele comemora resultados, por outro lado muitas vezes coloca dúvidas sobre a segurança da vacina. Um exemplo disso foi observado em relação à vacinação infantil. Ela foi postergada através de estratégias desnecessárias, como consulta pública à população, quando a Anvisa, que é uma agência da maior credibilidade, igual às melhores agências regulatórias do mundo, já havia, entre nós, aprovado inicialmente a vacina da Pfizer e logo a seguir a vacina da CoronaVac”.
A pesquisa mostrou também que mais de 60% dos médicos entrevistados estão esgotados fisicamente e mentalmente. E essa insatisfação aumenta por falta da reposição de profissionais da área da saúde. Foi o que aconteceu recentemente em São Paulo quando os médicos decidiram cruzar os braços, paralisaram os serviços por falta de profissionais. A possível greve foi barrada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo e pelo Tribunal Regional do Trabalho. Depois de muita negociação com o Sindicato dos Médicos, a prefeitura de São Paulo anunciou a contratação de pelo menos 700 profissionais e ainda garantiu o pagamento de horas extras aos profissionais da área da saúde.
Fonte: Jovem Pan