Os pesquisadores da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos da Universidade de Brasília (UNB), FINATEC, querem ampliar a capacidade de uso dos respiradores artificiais, equipamentos muito utilizados em UTIs e que garantem que pacientes em estado crítico consigam respirar. Os ventiladores também ajudaram a vidas durante o pior momento da pandemia da Covid-19. Se tornaram peças indispensáveis que ficaram escassas nos hospitais. Como resume o pesquisador Sérgio Mateus: “Hospital de campanha e a guerra que estava tendo no mundo, a gente viu algumas ideias já pensadas, que era a ventilação múltipla. Essa ventilação múltipla, ela foi realizada também na Guatemala, na época do Covid, usando um ventilador para dois pacientes”.
Foi por esse motivo que os pesquisadores da UNB decidiram estudar uma forma de dobrar a capacidade de uso dos ventiladores artificiais. Eles já sabem que isso é possível. A ideia é que cada aparelho atenda dois pacientes ao mesmo tempo. Os pesquisadores dizem que não é tarefa fácil. Por isso os estudos são criteriosos. Os estudos definiram que o equipamento precisa estar adequado às necessidades e condições de cada pessoa. Quando ligado a dois pacientes. Um vai ser o piloto e o outro passageiro. Ou seja, o equipamento vai fazer o que o piloto precisar.
Testes feitos até hoje já mostraram a eficiência dos equipamentos quando usados por duas pessoas. É o que conta o pesquisador Sérgio Mateus. “A gente precisa otimizar agora essas válvulas controladoras, que estaria na entrada da ventilação de cada pulmão de teste. Funcionou, mas precisa avançar mais, que agora é com controle individualizado dessa ventilação”, diz. Outra preocupação é com a infecção cruzada. Os pesquisadores afirmam que conseguem controlar essa possibilidade, como reforça o professor Sérgio: “Os controles com filtro EPA, que é o que é o filtro adequado para esse tipo de ventiladores, a gente acredita que a gente ia conseguir controlar a questão da infecção cruzada”, afirma.
O uso de ventiladores para ajudar na respiração é um método antigo que surgiu na guerra para salvar soldados feridos que estavam com os pulmões comprometidos como explica o professor Felício: “Esse tipo de projeto teve como objetivo, em período de guerras, em período de catástrofe, você dispor de equipamentos suficientes que atendesse pacientes individualmente”. A pesquisa já concluiu a primeira etapa, restam ainda outras duas fases, como relata Sérgio. “Para avançar mais, a gente precisa das válvulas controladoras em cada pulmão teste, e, aí sim, vem a terceira etapa, que seria a etapa in vitro”, explica. Já se sabe que o projeto é viável, mas agora precisa de recursos, criar protótipo e finalizar todo o processo, incluindo a validação pelas agências de regulação.
Fonte: Jovem Pan