Parte da população alemã foi às urnas votar nas eleições federais do país no último domingo, 26. Uma semana depois, não há qualquer definição sobre qual será a formação do governo que vai comandar a quarta maior potência mundial pelos próximos quatro anos. Ao contrário do Brasil, onde o mandatário escolhido toma posse no dia 1º de janeiro, no país europeu não existe uma data para a oficialização de um novo comandante. Isso ocorre porque a escolha de um candidato para o cargo de chanceler só é formalizada quando o partido dele tem mais de 50% de apoio no Bundestag, o Parlamento alemão, que em 2021 passou de 598 para 735 representantes. Se nenhum partido ganhar mais da metade dos votos da população, ele precisará fazer coalizões para conseguir a maioria dos assentos na Casa (pelo menos 368) e, assim, ser oficializado. Neste ano, o candidato Olaf Scholz, vice-chanceler do governo de Angela Merkel e representante do Partido Social-Democrata (SPD, na sigla em alemão), legenda de centro-esquerda, foi o mais votado. Parabenizado por alguns ex-líderes mundiais e pela atual chanceler, o líder do SPD enfrentará uma caminhada de negociações para se concretizar como o novo nome a representar o país.
O partido de Scholz teve 25,7% dos votos, ganhando 206 assentos no Bundestag; o segundo mais votado, CSU-CDU (soma dos partidos União Democrata-Cristã com a União Social-Cristã, de Angela Merkel) ficou com 24,1% dos votos e 196 assentos. O candidato dos conservadores é Armin Laschet. Em terceiro lugar, ganhando notoriedade em relação ao ano anterior, ficou o Partido Verde, com 14,8% e 118 assentos, seguido pelo Partido Democrata Liberal, com 11,5% dos votos e 92 assentos, pela legenda de extrema direita Alternativa para a Alemanha, com 10,3% e 83 assentos, e pela opção de extrema esquerda, chamada A Esquerda, que conquistou 4,9% dos votos e deverá conquistar 39 cadeiras na casa. “No passado, o governo foi formado pela coalizão dos democratas-cristãos com os sociais-democratas, tanto que o atual vice-chanceler da Alemanha é do SPD, que é o grande nome do partido para suceder a Merkel. Então, essas coalizões são importantes porque formam o governo e ditam a política de governo daquele chanceler que vai assumir”, analisa Roberto Uebel, professor de Relações Internacionais da ESPM de Porto Alegre.
Como o SPD e a união de CSU-CDU já formaram um governo anterior e romperam relações ao longo dos anos de mandato, a análise dos especialistas é de que tanto os liberais quanto os verdes sejam mirados como assentos que ajudarão o provável governo de Scholz. Por ter sido o mais votado, ele tem prioridade na hora de articular negociações com os outros partidos. “O que acontece, principalmente quando se tem um regime semelhante ao da Alemanha, é que você pode formar coalizões sem ser com um partido vencedor, mas confesso que não acredito que isso vai acontecer. Hoje, eu apostaria em uma aliança entre SPD, os verdes e o os liberais. Acho que um arranjo político precisará ser feito para caber [as pautas de] todo mundo, mas há uma possibilidade”, projeta Marcelo Balotti Monteiro, professor do curso de ciências econômicas da Universidade Anhembi Morumbi.
Fonte: Jovem Pan