Possível desistência de Doria à Presidência aprofunda racha no PSDB

Eduardo Leite (esquerda), Arthur Virgílio (ao centro) e Doria (direita) durante as prévias do PSDB

A possível desistência de João Doria à corrida eleitoral pelo Palácio do Planalto aprofunda as rachaduras internas no PSDB e aumenta a pressão sobre o partido na tentativa de retomada do protagonismo político. O movimento de divisão no tucanato já havia sido escancarado no fim do ano passado em meio à sequência de polêmicas para a realização das prévias que indicariam o candidato da sigla à eleição presidencial. A disputa entre Doria e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, se arrastou por meses e ficou especialmente marcada pela troca mútua de acusações de tentativas de desestabilizar o pleito. O ex-senador e ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, também estava na disputa, mas o processo ficou polarizado entre os mandatários paulista e gaúcho.

As prévias sacramentaram Doria como o candidato do PSBD à Presidência com 53,99% dos votos. Leite somou 44,66%, e Virgílio Neto encerrou a disputa com 1,35% da preferência dos tucanos. O resultado do pleito, divulgado no dia 27 de novembro, não significou a redução da temperatura dentro do partido, e o movimento anunciado por Doria a aliados nesta quinta-feira,31, mostra que o imbróglio está longe de ter um fim. A iminente decisão do governador paulista em abdicar a disputa ocorre menos de uma semana após Leite anunciar que iria deixar o governo gaúcho para focar nos esforços de “viabilizar uma alternativa” à Presidência. A fala do governador colocou fim às especulações de que ele estaria de saída do ninho tucano para concorrer ao Palácio do Planalto pelo PSD.

Por outro lado, a falta de clareza sobre qual papel Leite iria desempenhar no partido deu nova força para as divisões dentro do PSDB. Analistas viram no suspense do gaúcho uma forma velada de buscar se viabilizar como candidato pela chamada “terceira via”, apesar do governador ter reiterado que respeita as prévias. Também pesa no clima de desunião a proximidade de Leite com o grupo do deputado Aécio Neves, visto como desafeto da ala liderada por Doria. As incertezas geradas pela decisão do gaúcho em permanecer no partido, mas desistir do governo estadual, levaram à manifestação de quadros históricos do partido em defender o resultado da disputa interna, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-senador e ex-governador de São Paulo, José Serra. Apesar dos rumores, Doria não oficializou a sua desistência. O governador cancelou toda a sua agenda nesta tarde para fazer um pronunciamento no Palácio dos Bandeirantes, às 16 horas.


Fonte: Jovem Pan

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