O senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), membro da Comissão de Assuntos Econômicos no Senado, criticou nesta sexta-feira, 22, a manobra da equipe econômica para obter recursos para viabilizar o Auxílio Brasil, o programa que irá substituir o Bolsa Família. Para financiar o auxílio, cotado em R$ 400, o governo federal costurou um acordo com o Congresso Nacional para alterar o relatório da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, apresentado na sessão especial da Câmara nesta quinta-feira, 21. Um novo trecho incluído na proposta altera o prazo de correção do teto de gastos, com potencial de abrir mais de R$ 80 bilhões no Orçamento de 2022. A medida desagradou membros do Ministério da Economia, o que resultou no pedido de demissão de quatros membros.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, o parlamentar defendeu que a Economia tem leis próprias e não pode ser guiada pela vontade dos governantes. “A Economia tem leis próprias, ela não é feita segundo a vontade dos governantes. É mais ou menos como se eu tivesse tratando com a aceleração da gravidade. Não adianta eu querer ‘humanizar’ a gravidade. A gravidade é uma lei da natureza que funciona independente da vontade dos homens. Ontem eu vi um pronunciamento do presidente Bolsonaro dizendo: ‘ Eu vou dar um auxílio para os caminhoneiros eu vou dar os R$ 400. Se vocês aí do mercado resolvem quebrar, o problema é de vocês’. Ele humaniza as leis da Economia como se isso fosse uma questão de vontade. Não é”, afirma Guimarães. Para ele, a decisão de furar o teto de gastos para conceder o auxílio vai aumentar o preço do dólar e fazer a inflação disparar, criando um ciclo vicioso. “O governo não pode furar teto, o governo não pode fazer essas mudanças para dar auxílio para as pessoas. Eu quero que seja dado auxílio para aqueles que passam fome, todos os políticos querem. Mas é como se tivéssemos um mar com um monte de náufragos. Queremos jogar uma boia para eles, mas não podemos jogar uma boia furada. Essa boia que estão jogando é furada, porque em seguida o dólar aumenta, a inflação explode e aquele dinheiro oferecido não vale mais o que valia”, aponta o senador.
Fonte: Jovem Pan