O senador Eduardo Girão (PODE), considera que as constantes interrupções ocorridas durante o depoimento da médica Nise Yamaguchi nesta terça-feira, 1º, na CPI da Covid-19 , demonstra um “péssimo exemplo” do Senado Federal. Na avaliação do parlamentar, membros do colegiado tentaram humilhar a depoente, que negou a participação em um gabinete paralelo no Ministério da Saúde. “Quando é um depoente que interessa em confrontar o governo eles fazem um festival de agressividade”, ponderou, ressaltando que o senador Renan Calheiros já tem um relatório pronto da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), usando apenas os depoimentos como “espetáculo político eleitoreiro”. “Eles fazem o que querem nas oitivas. Fui tentar defender a Dra. Nise, porque mesmo se tiver divergência não se faz aquilo, quase não querer ouvi-la. Para mim, o relatório já está concluído, já tem o culpado, o inocente. Antes de começar a CPI já tinha, é simples isso. Vocês que são jornalistas vão atrás das declarações do senador Renan, do relator, que é o coração e o pulmão da CPI”, disse ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, nesta quarta-feira, se referindo as declarações do colega sobre a culpa do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia.
Para Eduardo Girão, o posicionamento dos membros da comissão demonstra que a CPI da Covid-19 é “uma palanque político” em meio à crise sanitária que avança e assola o país. “Não deviam falar em política agora, o objetivo é salvar vidas”, defendeu, citando que, embora reconheça os erros do presidente ao “mostrar remédios” e fazer aglomerações, não é possível culpar Bolsonaro pela pandemia. “Não se pode dizer que a responsabilidade da pandemia, que é algo novo no mundo todo, é uma responsabilidade de um só. O STF retirou as atribuições do governo central e repassou a Estados e municípios, essa turma não quer vir aqui falar dos bilhões e bilhões [de reais]”, completou, citando a intenção dos governadores de não comparecerem ao colegiado para falar sobre possíveis desvios de verbas. “É aquela velha história: quem não deve, não teme”, disse.
O senador citou ainda as expectativas positivas para a sessão desta quarta-feira na CPI, que recebe a médica infectologista Luana Pinheiro Araújo, que chegou a ser anunciada como secretária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, mas esteve no cargo por apenas 10 dias. “Espero que a Dra. Luana seja muito melhor tratada que a Dra. Yamaguchi”, pontuou Eduardo Girão, lembrando que inicialmente a pauta previa a presença de médicos para abordar o contraditório uso de medicamentos para combate ao coronavírus, mas foi alterada de última hora. “Existe escalada ditatorial desse grupo G7, que dizem que é independente, mas é oposicionista.”
Fonte: Jovem Pan