Em sua primeira exposição na CPI da Covid-19, o ministro Wagner Rosário, da Controladoria-Geral da União (CGU), disse que o órgão comandado por ele só poderia atuar no caso envolvendo a Precisa Medicamentos que apura denúncias de irregularidades na compra de testes rápidos pelo Ministério da Saúde apenas em agosto deste ano. “Até 8 de julho de 2021, a CGU não tinha autorização para utilizar as informações sobre Marconny Albernaz e Roberto Dias e processos administrativas”, disse. O início da sessão foi marcado por um intenso bate-boca entre governistas e senadores do G7, o grupo majoritário formado por independentes e oposicionistas.
Na semana passada, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), chamou Wagner Rosário de “prevaricador”, com base em documentos recebidos pela CPI. De acordo com mensagens obtidas a partir da apreensão do celular de Marconny Faria, no âmbito da Operação Hospedeiro, deflagrada em 27 de outubro do ano passado, o lobista da Precisa Medicamentos participou da criação de uma “arquitetura da fraude” para fraudar uma licitação do Ministério da Saúde para a compra de testes de Covid-19. Aos senadores, o ministro da CGU disse que não cometeu o crime de prevaricação e entrou em rota de colisão com os membros do colegiado.
Em mais de um momento, chamou Aziz de “doutor”. Rosário também afirmou que a CGU soube do envolvimento da Precisa Medicamentos na negociação para a compra da vacina Covaxin em junho deste ano, a partir de “notícias que apareceram na mídia”. “Estou sabendo agora é que em junho a CGU teve conhecimento da questão da precisa pela imprensa”, disse o presidente da CPI. “Se o senhor sabia antes, ótimo”, ironizou o depoente. “Pela imprensa, sim, mas pelo órgão de controle que o senhor preside, não”, rebateu a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que integra o grupo de trabalho que analisa o processo de compra do imunizante. “A senhora quer aguardar o término [da minha fala] para se manifestar?”, questionou Rosário.
Fonte: Jovem Pan