Desde o início da imposição de sanções por diversos países à Rússia, em razão da invasão da Ucrânia, os russos já sentem a perda do poder de compra, intensificado pelo aumento da inflação e a debandada de empresas globais, congelamento de salário de funcionários e o crescendo número de desempregados. O mestre de relações internacionais, Valdir da Silva Bezerra, que está em São Petersburgo, explica que a situação tende a piorar, se a guerra continuar. “A cada dia é anunciada da saída de algum conglomerado europeu, americano, de alguma empresa, de alguma loja de departamento. Então, existe esse tipo de condição, de apreensão em relação ao desemprego, isso acaba afetando as pessoas da classe média e também as pessoas mais pobres dentro da população russa, mas diria que a preocupação mais imediata, o desconforto mais imediato que os russos estão vivendo é a sensação do aumento de preço dos produtos”, apontou. Valdir da Silva Bezerra também menciona ainda que a população da Rússia tem dificuldade para comprar produtos básicos.
“Uma vez que a maior parte da população russa trabalha com salários fixados em rublo e o rublo perdeu valor significativamente, esses produtos tem aumentado de preço. Essa tem sido a maior preocupação dos russos que não foram demitidos pela saída das empresas, mas que mantém seus salários congelados ao mesmo tempo que começam a testemunhar o valor dos seus salários perdendo poder de compra”, completa. Para conter a crise, o Banco Central da Rússia aumentou a taxa de juros. Mesmo assim, os efeitos econômicos são severos. O advogado Alessandro Azzoni acredita que, nesse momento, os russos estão sentindo na pele o peso de uma guerra. “Começa a ter um colapso pela inflação de demanda. Você tem pessoas precisando consumir e começa a ter escassez de produtos. Quando você corta relação comercial de exportação para esses países, a importação também fica impossibilitada. E aí começa a entrar essa pressão inflacionária para bens de primeira necessidade, desde um papel higiênico como itens básicos do mercado”, explica. A avaliação é que caberá ao governo de Moscou criar alternativas para reaquecer a economia e dar segurança, trabalho e poder de compra aos russos.