O deputado federal Efraim Filho (DEM-PB), líder do DEM na Câmara dos Deputados, afirma em nota, divulgada nesta segunda-feira, 8, que a eventual saída de Rodrigo Maia (DEM-RJ) da sigla “ajudará a pacificar” o partido. A declaração é uma reação à entrevista de Maia ao jornal “Valor Econômico”, na qual o ex-presidente da Câmara dos Deputados critica o presidente nacional do DEM, ACM Neto, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), e afirma que a aproximação com o governo Bolsonaro faz com que a legenda retome sua origem de direita ou de extrema-direita. “Rodrigo Maia e o Democratas entraram juntos para a história do país, [o deputado] tem nosso respeito por esses momentos marcantes dessa parceria. Porém, com o anúncio de sua saída, deixa claro que chegou ao fim de um ciclo no partido, e essa decisão ajudará a pacificar o Democratas”, diz um trecho da nota.
Efraim afirma que Rodrigo Maia tenta “injustamente” terceirizar a culpa pela ruína do bloco de apoio à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Câmara dos Deputados. O ex-presidente da Casa era o principal fiador da campanha do emedebista, mas não conseguiu evitar o apoio de lideranças do DEM ao nome de Arthur Lira (PP-AL), candidato vitorioso no pleito. Na véspera da eleição, inclusive, Maia sofreu um revés: a Executiva Nacional do partido decidiu pela neutralidade na disputa – aliados de Lira estimam que cerca de 20 deputados da bancada do DEM, composta por 29 parlamentares, votaram contra Baleia Rossi.
“Na entrevista [ao Valor Econômico], Rodrigo tenta, injustamente, terceirizar a responsabilidade pela ruína do bloco, não faz sua autocrítica, nem assume a sua mea culpa. É injusto colocar em nossa conta a derrota do seu candidato à sucessão. Insistimos que o Democratas não tem dono e ainda preserva um de seus maiores patrimônios: a capacidade de decidir pela vontade da maioria, e não por imposição de cúpula partidária. Isso, sim, seria ato antidemocrático. O presidente ACM Neto foi correto ao respeitar a decisão da bancada, seguir o caminho da neutralidade quanto ao governo. Preserva a independência do partido e tem a nossa solidariedade e confiança”, acrescenta Efraim Filho.
O líder do partido na Câmara também aponta Maia como responsável pelo fracasso da candidatura de Baleia Rossi. “O Democratas é um partido plural e não tem dono. A bancada da Câmara não tem dono. O líder é eleito pela vontade expressa da maioria. Essa mesma maioria, que torna a decisão legítima, faltou a Rodrigo Maia para compor o bloco de centro-esquerda na disputa pela presidência. Na verdade, ao tentar levar o partido para essa posição, sem consultar a bancada sobre o que desejava, Rodrigo se viu isolado e perdeu o comando do processo, e muitas vezes o alertamos sobre essa dificuldade. Era a sua sucessão, cabia a ele construir os consensos e conduzir o processo. Na democracia, maioria não se impõe, maioria se conquista”, finaliza.
Fonte: Jovem Pan