Interpelado por senadores, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse, na quarta-feira, 24, que não há atraso no plano de imunização contra a Covid-19 e nem na compra de vacinas. Em uma longa e conturbada audiência no Senado Federal, ele prometeu a chegada de insumos vindos da China para 32 milhões de doses da vacina de Oxford até o final deste mês. Confrontado com episódios que geraram atritos nas relações entre o Brasil e a China, Ernesto Araújo negou que os diálogo entre os dois países tenha sido abalado. “Nós não temos nenhum problema diplomático com a China. Nós somos o único grande país que tem essa situação hoje. E isso faz parte de uma construção da nossa política externa, que eu vejo que é completamente mal entendida. Eu acho que os senhores, vossas excelências, talvez acompanhem por fontes inadequadas”, argumentou o ministro.
Ao longo da sessão, a maioria dos senadores fez duras à gestão do chanceler a frente do Itamaraty. Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o Brasil de tornou um pária internacional devido à atuação do ministro. Fabiano Contarato (Rede-ES) criticou a exposição feita por Ernesto Araújo. “Eu nunca presenciei uma apresentação tão confusa, não sabendo construir uma frase com sujeito, verbo e objeto. Não respondeu às perguntas. O senhor realmente cursou o Instituto Rio Branco? Sua fala não me parece diplomática, porque ao invés do senhor pedir desculpas pelo embaixador da China, o senhor defende quem o ofendeu”, contestou. Muitos dos que participaram da sessão pediram a saída de Ernesto Araújo do Itamaraty.
Para a senadora Simone Tebet (MDB-MS), ele perdeu credibilidade na casa. “Em uma reunião sem sentido diante de um ministro que não reconhece qualquer falha. Ministro, vossa excelência é unanimidade no Senado Federal, coisa que eu nunca vi. Unanimidade de rejeição e de incompetência. Não há outro caminho, ministro. Nada de vossa excelência ou de seu ministério vai ser bem recebido daqui para frente nesta casa”. Apesar das críticas, o ministro Ernesto Araújo disse que não vai deixar o cargo e que é preciso reconhecer as qualidades do governo. Ele disse ter a consciência tranquila. “Eu fecho os olhos e durma com toda a tranquilidade, com a minha consciência limpa de que, tanto no tema da Covid quanto em toda meu desempenho a frente do ministério, a cada dia, eu trabalhei pelo Brasil, por um novo Brasil. Não pelo Brasil da corrupção, do roubo”, defendeu.
Fonte: Jovem Pan