Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o encarregado de negócios da Embaixada da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, falou que a situação humanitária nas regiões do conflito entre o país e a Rússia está se deteriorando rapidamente, com ataques a áreas residenciais, escolas e hospitais, matando e ferindo civis. Famílias estão sem aquecimento, luz e água. Além disso, a Agencia Internacional de Energia Atômica (AIEA) perdeu a conexão com os sistemas de monitoramento das usinas de Chernobyl e Zaporozhye. Há um perigo na possibilidade no vazamento de radiação. Tkach destacou que, mais do que sanções econômicas, agora é preciso ajuda humanitária. A Ucrânia já recebeu 18 mil toneladas de donativos. O Brasil levou, esta semana, quase 12 toneladas de suprimentos e trouxe 68 refugiados, sendo 19 ucranianos. O encarregado de negócios disse que mais pessoas têm procurado a embaixada para saber como conseguir um visto temporário e a acolhida humanitária no Brasil, pois muitos teriam familiares no país.
Anatoliy Tkach também destacou a necessidade de assistência financeira. O Banco Mundial, por exemplo, mobilizou um pacote de financiamento de emergência de mais de US$ 700 milhões para a Ucrânia. Na mesma linha, o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento anunciou um pacote inicial de € 2 bilhões para medidas de resiliência. O representante da embaixada ressalta que qualquer pessoa pode ajudar. “A embaixada, junto com a comunidade ucraniana do Brasil, está juntando dinheiro para mandar para filas humanitárias na Ucrânia. Em nosso Facebook, da embaixada, tem todos os dados para fazer um Pix para a conta da representação central ucraniana brasileira”, disse.
A quarta rodada de negociações e a primeira com representante do alto escalão dos países desde o início do conflito no leste europeu terminou sem acordo e com as mesmas exigências de ambos os lados. A Rússia quer a desmilitarização e garantia de distanciamento da Otan; a Ucrânia pede cessar-fogo e respeito aos corredores humanitários. Anatoliy Tkach falou de uma pesquisa que revela que 92% dos ucranianos acreditam que vencerão a guerra. “Acabar com a guerra lançada pela Rússia é a maior prioridade. Estamos prontos para negociações em qualquer formato, sempre com respeito da nossa soberania e integridade territorial, mas até agora temos simplesmente os ultimatos de nossa rendição. Mas a Ucrânia não vai se render”, declarou.
Crianças brasileiras também estão torcendo pelo fim do conflito. Uma fundação que atende menores em situação de vulnerabilidade em São José dos Campos, no interior de São Paulo, enviou vários desenhos produzidos pelos pequenos com o objetivo de demonstrar apoio às crianças ucranianas. Algumas, inclusive, escreveram mensagens no idioma do país, um registro pela paz em tempos de guerra.
*Com informações da repórter Katiuscia Sotomayor