Foi com o espírito de se reinventar durante a pandemia que o empreendedor Givanildo Pereira teve a ideia de criar a empresa Favela Brasil Express, que faz entregas em Paraisópolis, na maior favela de São Paulo. “O modelo basicamente é: o morador faz a compra pela internet, coloca seu CEP normal na rua, o centro de distribuição vai encontrar aquele endereço que foi comprado pelo morador, vai mandar para o nosso centro de distribuição e a partir daqui a gente utiliza moradores que trabalham dentro desta estrutura para fazer a entrega. Isso só funciona porque os trabalhadores trabalham e conhecem esta região”, afirmou. Segundo Givanildo, o princípio é simples: atender a uma demanda reprimida pela pandemia. “Em Paraisópolis um dos problemas era a questão do preconceito, isso agravou um problema que era que as pessoas que vinham entregar tinham medo da contaminação, por conta desse aglomerado que é a favela de Paraisópolis, e também por conta do endereçamento, não tem uma sequência de números corretos dentro da favela de Paraisópolis”, analisou.
O serviço logo caiu no gosto dos fregueses. Moradora de Paraisópolis, Elaine Souza viu a oportunidade de ter o que sempre viu fora dali. “Na verdade a gente é considerado sem CEP, né? Por conta dos becos e vielas. Então, a partir do momento que a Favela Brasil Express surgiu, deu a oportunidade da gente ter entregas em nossas casas”, afirmou. O serviço é rápido e o sistema cresceu com o aumento de pedidos, gerando oportunidades de trabalho. Um dos empregados da plataforma é Ismael Silva, responsável por organizar os produtos antes da distribuição. “Eu fico na parte da expedição, ajudando a maioria do pessoal, separando pacote, limpando e ajudando a dar baixa. Na verdade a gente faz um pouco de tudo, somos bem ‘quebra-galhos’, às vezes quando tem alguma remessa parada eu também vou para rua fazer entrega”, lembrou. Para Givanildo, ver a satisfação dos moradores dá a sensação de que o esforço valeu. “Quando a gente faz essa entrega na porta do morador a gente fala que está trazendo dignidade para ele, porque ele está se sentindo pertencente à sociedade. Ele tem o mesmo direito de receber na porta da sua casa do que um morador de bairro nobre”, afirmou.
Fonte: Jovem Pan