Suspeito de interferir no processo de extradição do jornalista Alan dos Santos, o secretário nacional de justiça José Vicente Santini abriu a Reunião Plenária da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro, promovida pelo Ministério da Justiça. “As pautas abordadas neste ano abrangeram, de forma bastante densa, a questão da tecnologia da informação e comunicação, além da temática ambiental vinculada à corrupção e à lavagem de ativos e aprimoramento do sistema de prevenção à corrupção e mapeamento de risco do financiamento ao terrorismo”, disse ele na abertura na última segunda-feira, 13. Durante quatro dias, serão apresentadas 11 ações executadas no ano de 2021 e discutidas novas propostas para combater os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Em documentos enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF) a Polícia Federal (PF) sustenta risco de interferência no Ministério da Justiça no processo de extradição de Alan dos Santos. Após depoimentos, a delegada Denise Ribeiro identificou a ação do secretário nacional de justiça José Vicente Santini. O jornalista Allan dos Santos, que está nos Estados Unidos, teve a prisão decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes em outubro. Um pedido de extradição foi encaminhado ao governo dos EUA. A PF alega que Santini pediu acesso à caixa de documentos restritos e determinou a alteração do fluxo de referidos processos de extradição ativa, para incluí-lo como instância de decisão. A ex-diretora do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, Silvia Amélia Fonseca de Oliveira, responsável pelo andamento dos pedidos de extradição e transferência de brasileiros no exterior, foi exonerada do cargo no início de novembro deste ano, após a divulgação do encaminhamento do pedido de extradição de Allan dos Santos. Ela deu andamento ao pedido sem comunicar Santini e informou à PF que essa prática é praxe na sua antiga função.
José Vicente Santini está no governo Bolsonaro desde 2019. Já atuou na Casa Civil, mas foi demitido após usar o avião da FAB. Ele voltou como assessor do Ministério do Meio Ambiente, depois secretário executivo da Secretaria Geral da Presidência e, agora, secretária nacional de justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, desde agosto. Ouvido pela PF, Santini afirmou que solicitou o fluxo de extradições para que a diretoria respondesse formalmente qual era a base legal da distinção de tratamento de fluxo entre os processos de extradição ativa e passiva.
Fonte: Jovem Pan