A terceira dose da vacina contra a Covid-19 é fundamental para neutralizar a variante Ômicron, apontou nesta segunda-feira, 20, um estudo apresentado pelo Instituto Pasteur e pelo Instituto de Pesquisa de Vacinas, em parceria com a Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, e com os hospitais franceses Orléans e Georges Pompidou, de Paris. De acordo com a análise, os anticorpos e as duas doses não são suficientes para conter a mutação, que escapa de grande parte da resposta imunológica de pessoas que não receberam um dose extra de reforço. Segundo a pesquisa, são necessários entre cinco e 31 vezes mais anticorpos para que o organismo possa neutralizar a Ômicron, em comparação com a variante Delta.
Para a realização do estudo, publicado pela plataforma bioRxiv e ainda não foi revisado por outros cientistas, seus autores primeiro isolaram uma amostra de Ômicron de uma paciente de 32 anos e depois a submeteram a um tratamento com anticorpos monoclonais e também de outras pessoas que haviam superado a doença ou que estavam vacinadas. Dos nove anticorpos monoclonais utilizados, seis perderam sua capacidade antiviral diante da Ômicron e os três restantes foram entre três e 80 vezes menos eficazes em comparação com seu desempenho no combate à delta. Segundo os pesquisadores, são as cerca de 32 mutações na proteína spike que permitem que esta variante escape da resposta imunológica desta forma.
O diretor da unidade de vírus e imunidade do Instituto Pasteur, Olivier Schwartz, que é um dos principais autores da pesquisa, explicou que “esta variante altamente transmissível adquiriu uma forte resistência a anticorpos”, descartando a utilidade da maioria dos que são atualmente utilizados como tratamento para a Covid-19. Além disso, apenas duas doses dos imunizantes desenvolvidos pela Pfizer, em parceria com a BioNTech, ou pela AstraZeneca “dificilmente são capazes de neutralizar a variante Ômicron” cinco meses após a aplicação da vacina. O estudo demonstrou que um mês após a aplicação da terceira dose a eficácia da vacina é elevada. No entanto, ainda é preciso identificar por quanto tempo esse reforço conseguirá manter níveis de imunidade adequados. Mesmo assim, Schwartz afirmou que, mesmo que a quantidade de anticorpos diminua com o tempo, a vacina ainda deverá ser capaz de “continuar protegendo contra formas graves” da doença.
Fonte: Jovem Pan