Tratamento para epilepsia parecido com marcapasso traz boa perspectiva para pacientes

Em alguns casos, apenas o tratamento medicamentoso não consegue evitar as sucessíveis crises epiléticas

Marina teve a primeira crise epilética aos três anos de idade. A mãe dela, a Vânia, conta que, na ocasião, foi acordá-la para ir para a creche e percebeu que o corpo da filha estava tremendo. Desde então, as convulsões se tornaram rotina no dia a dia de Marina. Vânia conta que a filha, hoje com 11 anos, teve uma infância completamente diferente das outras crianças e viveu em função de tentar controlar a doença. “Foi tendo muitas crises diárias, nós ficávamos com receio. Então não deixávamos ela fazer nada porque a Marina chegou a cair, rolar escada, caiu no banheiro. Eu tinha que estar com ela o tempo todo.”

Em alguns casos, apenas o tratamento medicamentoso não consegue evitar as sucessíveis crises epiléticas. Por isso, dependendo da circunstância, são indicadas cirurgias ou então o uso de dispositivos que vão tentar reduzir as descargas elétricas. Este foi o caso da marina, que desde 2018 usa um gerador que diminui a frequência das crises. No início deste mês ela trocou o dispositivo por um que tem uma tecnologia mais avançada. Vânia fala que, agora, não só a filha, mas toda a família tem uma qualidade de vida melhor. “Hoje, eu falo para você, a Marina se tiver que ir a 100 metros, 200 metros longe de mim solta, sabe? Eu consigo deixar. Ela toma banho banho sozinha, o que ela não fazia. Isso não tem preço. Eu não consigo imaginar um valor que eu possa, eu acho que nunca vou pagar. Não tem nada que eu possa fazer para pagar essa benção que a gente recebeu nas nossas vidas, graças a Deus.”

O doutor Celso Freitas é diretor médico da empresa que tem produzido esse novo gerador que está sendo utilizado pela Marina. Ele explica que o dispositivo metálico é parecido com um marcapasso e é colocado na região do tórax por baixo da pele. O gerador transmite impulsos aos eletrodos que são colocados no nervo vago, localizado no pescoço — permitindo, assim, que este nervo transmita os estímulos ao cérebro. O médico disse que o aparelho consegue identificar quando o paciente vai ter a convulsão. Em certos casos, o aparelho não impede que a crise aconteça, mas consegue, por exemplo, atenuar a duração. “Uma das coisas coisas que a gente vê é que ele tem uma alteração de frequência, então ele faz um monitoramento constante. Se ele identifica uma alteração da frequência cardíaca de um modo específico, ele já manda o estímulo.” O especialista ressalta que a tecnologia tem se desenvolvido cada vez mais, em busca de mecanismos para melhorar a vida dos pacientes.

*Com informações da repórter Camila Yunes


Fonte: Jovem Pan

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