O Carnaval de 2020 chegava ao fim no Brasil e se iniciava um ano pesado e dolorido. O primeiro caso de coronavírus era identificado em São Paulo. Um senhor, de 61 anos, que vinha da Itália. Logo, a Covid-19 se espalhou pelo país, colocando à prova um setor historicamente deficiente: a saúde pública. Cidades pararam na tentativa de conter o colapso, mas ele veio. Nos hospitais lotados do Rio de Janeiro, no caos que asfixiou Manaus. Com todas as dificuldades, o Sistema Único de Saúde (SUS) segue vivo, e o início da vacinação nos faz acreditar que caminhamos para dias melhoras. E o que virá depois?
O passado sempre diz muito sobre o futuro. O que que o nosso passado recente nos conta? Que em 2020 o brasileiro se ocupou tanto do coronavírus que outros cuidados com a saúde acabaram sendo negligenciados. O relaxamento com a prevenção traça um cenário de alerta. Um levantamento do Instituto Ipsos aponta que 64% dos brasileiros adiaram serviços de saúde em 2020. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica indicam que a pandemia causou a queda de 70% no total de cirurgias voltadas ao câncer e de até 80% no número de biópsias enviadas para análise. “Isso é grave”, diz o médico oncologista do Hospital Sírio Libanês, Denis Jardim. Ele lembra que o câncer é uma doença sensível ao tempo. “Os dados são muito claros nos últimos anos, que países que realizam melhor esses exames de acompanhamento, que tem uma habilidade de diagnóstico precoce maior, a mortalidade tem caído. Então, muito da mortalidade em queda do câncer que a gente tem visto nos últimos anos, é derivada desse diagnóstico melhor, das melhores indicações de quando realizar exames e também dos avanços no tratamento.”
Fonte: Jovem Pan