A luz suave de milhares de velas iluminou a noite na capital do Líbano. Mirvat Bakkou se emociona ao lembrar do dia da tragédia e da angústia de não saber onde a filha estava naquele momento. As homenagens aliviam o sofrimento, mas não diminuem a revolta de quem ainda espera justiça. No dia 4 de agosto de 2020, toneladas de nitrato de amônio que estavam armazenadas sem proteção no porto de Beirute explodiram, devastando uma imensa área e assustando o mundo. No total, 214 pessoas morreram, mais de seis mil ficaram feridas e dezenas de milhares perderam tudo que tinham. Desde então, o país está imerso em uma crise econômica sem precedentes. Em plena pandemia, a população sofre com a falta de remédios e um sistema de saúde à beira do colapso. Antes mesmo da explosão, os libaneses já estavam descontentes com a política local. De lá para cá, as tentativas de formar um novo governo fracassaram, ampliando o desgaste. Em discurso transmitido nesta terça-feira, 3, o presidente Michel Aoun reiterou a promessa de formar um governo rapidamente para resgatar o país atingido pela crise. A população atribui a tragédia à negligência e à corrupção das autoridades. Apesar das pressões e dos protestos da comunidade internacional, até agora ninguém foi punido.
*Com informações da repórter Camila Yunes