A assessora de imprensa Tallyta Pavan teve uma péssima experiência em um site de relacionamento após conhecer uma pessoa que acabou virando um “pesadelo”. Ela conta que o rapaz ficava insistindo diariamente para encontrá-la e, em uma das ocasiões, rastreou onde ela estava por um aplicativo, em tempo real. “Acho que meu pior episódio foi quando saí com o pessoal da firma, quando ainda trabalhava e morava na Zona Norte, fui em uma festa perto de onde ele morava. Ele acabou vendo a minha localização no aplicativo Snapchat, que tinha a função de mostrar onde os usuários estavam ao vivo. Ele acabou vendo e queria ir lá, queria me conhecer, estava desesperado para ir e eu fiquei desesperada para ir embora. Entrei dentro do estabelecimento, conversei com meus amigos, que me deram muito suporte sobre o que eu deveria fazer. Acabei indo embora e excluindo ele das redes sociais“, conta, relatando que optou por não registrar um boletim de ocorrência e que o rapaz nunca mais apareceu.
Essa situação de perseguição virtual vivenciada pela assessora de imprensa é, no entanto, mais comum do que se imagina, sendo conhecida pelo termo stalking. Um mês após a sanção da lei contra a prática, o Estado de São Paulo tem, em média, 23 denúncias registradas por dia nas delegacias. Embora os números sejam altos, a realidade é que mais de 50% dos casos ainda não chegam a ser denunciados. O advogado especialista em casos de assédio André Costa alerta para as pessoas procurarem ajuda para documentar e juntar as provas para denunciar esses casos de assédio pela internet. “Lembro que teve um caso, deve estar fazendo 15 ou 20 dias, que o gerente de uma empresa pegava o contato das medidas por meio da intranet. Na intranet tem o organograma, ele pegava o nome das meninas e procurava no instagram. A menina acordava um dia e ele tinha curtido 128 fotos ao mesmo tempo. Aí ela percebeu que era o gerente, ele só curtia as fotos de biquíni. Fizemos um trabalho, fizemos uma análise do Instagram, conversamos com o gerente, ele foi desligado da empresa. Ele teve desligamento por justa causa, então ajustamos pessoas a dar materialidade nesse mundo nebuloso que é o mundo virtual”, explica. A pena de stalking varia de seis meses a dois anos de prisão, mas pode chegar a três anos com agravantes, quando for cometido contra criança, adolescente ou idoso.
Fonte: Jovem Pan