A variante Delta da Covid-19, registrada pela primeira vez na Índia, já foi detectada em mais de 90 países, inclusive no Brasil. Até o momento, o Ministério da Saúde registrou duas mortes causadas pela cepa, uma grávida de 42 anos em Apucarana, no interior do Paraná, e um homem de 54 anos, tripulante de um navio na costa do Maranhão. Recentemente a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta sobre a variante, que tem transmissão mais rápida e pode aproveitar o relaxamento das medidas sanitárias para se expandir. A entidade pediu que os governos redobrem a prevenção, mesmo em países com vacinação avançada, e reforçou que o cenário na América Latina é preocupante. Mas, afinal, as vacinas são eficazes contra a variante Delta da Covid-19?
Um estudo da Public Health England, agência de saúde pública do governo britânico, divulgado em junho, mostrou que a aplicação das duas doses do imunizante da AstraZeneca reduzem 92% das hospitalizações pela variante. Só com a primeira dose, a eficácia cai para 71%. Foram analisados 14.019 casos em pacientes com a cepa nos hospitais da Inglaterra entre 12 de abril e 4 de junho deste ano. Destes, 122 foram internados. O estudo britânico também testou a vacina da Pfizer, que mostrou 94% de efetividade contra internações com a primeira dose e 96% após a segunda. Uma outra pesquisa inglesa, da Universidade de Oxford com participação de cientistas brasileiros da Fiocruz, sugeriu que a variante Delta tem mais chances de causar reinfecções pela doença. Apesar disso, o estudo concluiu que vacinas de RNA mensageiro e vetor viral, como a AstraZeneca e Pfizer, são eficazes. No entanto, a capacidade de neutralizar a cepa é 2,5 vezes menor para o imunizante da Pfizer e 4,3 vezes menor para o da AstraZeneca.
Nesta quinta-feira, 1, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) informou que as quatro vacinas aprovadas pela União Europeia – Pfizer, AstraZeneca, Johnson&Johnson e Moderna – são eficazes contra a cepa indiana. Porém, a entidade alerta que é necessário tomar as duas doses para estar protegido. Além disso, a vacina da Janssen, que começou a ser aplicada no Brasil recentemente, fornece imunidade por pelo menos oito meses contra a variante Delta, segundo comunicado da empresa divulgado na última quinta-feira, 1º. O imunizante é o único aplicado com dose única até o momento. A CoronaVac, uma das vacinas mais utilizadas no Brasil, ainda não divulgou resultados sobre a eficácia contra a cepa. No entanto, a SinoVac, farmacêutica que produz o imunizante, afirmou que a vacina é eficaz contra as variantes brasileiras P.1 e P.2, detectadas pela primeira vez em Manaus e no Rio de Janeiro, respectivamente. Um estudo chinês publicado pela revista científica Lancet em maio também concluiu que a CoronaVac é efetiva contra seis variantes da Covid-19, a britânica B.117, a B.1.429, identificada na Califórnia, a sul-africana B.1.351, a nova-iorquina B.1.526 e a brasileira P.1.
Sputnik V e Moderna
Por enquanto, são utilizadas no Brasil os imunizantes da Pfizer, AstraZeneca, CoronaVac e Johnson&Johnson. A vacina russa Sputnik V foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com restrições, mas as doses compradas ainda não foram entregues ao Ministério da Saúde. A boa notícia é que o imunizante se mostrou 90% eficaz contra a variante Delta da Covid-19, segundo o fabricante, o Instituto Gamaleya. O Brasil também negocia a compra da vacina norte-americana da Moderna. A farmacêutica informou, em junho, que o imunizante previne contra a cepa indiana. Mesmo com o avanço da campanha vacinação, ainda é necessário estar atento às medidas de prevenção, como o distanciamento social, o uso de máscaras e álcool em gel.