Visita de Onyx Lorenzoni a Eduardo Pazuello gera discussão na CPI da Covid-19

O relator, senador Renan Calheiros, descartou a adoção de medidas mais rígidas contra Pazuello

Membros da CPI da Covid-19 no Senado se irritaram com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Eles reagiram à matéria publicada pelo jornal Estado de São Paulo de que o general do Exército teria recebido uma visita do ministro da Secretaria-geral da Presidência, Onyx Lorenzoni. Ele foi flagrado entrando no hotel onde Pazuello está hospedado. A cena ocorreu dois dias após Pazuello ter pedido para adiar o depoimento à comissão por ter tido contato direto com dois servidores diagnosticados com Covid-19. O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues, vai pedir ao ex-ministro que envie, com urgência, um exame de Covid-19 “para que a comissão tome uma providência”. Randolfe classificou a postura como lamentável e triste.

Alguns senadores, como Fabiano Contarato, sugeriram que Pazuello seja alvo de condução coercitiva para depor. O relator, senador Renan Calheiros, descartou a adoção de medidas mais rígidas e disse que condução coercitiva é uma prática do passado, mas criticou a postura do ex-ministro. “Isso seria uma requisição em caso gravíssimo. E eu confio no bom senso dele. Isso não vai acontecer. Agora, ele precisa colaborar e deixar de usar o Exército como um biombo para não vir a CPI. É extremamente irresponsável.” Questionado durante a reunião, o presidente da comissão, senador Omar Aziz, se colocou contra eventuais providências. “Ninguém vai proibir alguém de visitar alguém, mesmo que esteja com suspeita de Covid-19. Não temos poder para isso. Agora, eu espero que o ex-ministro Pazuello estiver com Covid-19, o ministro Onyx não se contamine. Vamos torcer para isso, não dá para fazer mais nada.” A questão provocou bate-boca entre senadores governistas e da oposição.

O senador Omar Aziz agiu para acalmar os ânimos. “Eu quero saber qual foi o crime que o ex-ministro Pazuello cometeu hoje. Ele recebeu a visita de alguém. Qual o problema? É por isso que as pessoas acham que a gente quer politizar isso aqui, rapaz.” Como o depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tomou todo o dia, a CPI adiou a oitiva do presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, que estava prevista para esta quinta-feira. A agenda foi remarcada para a próxima semana. Com isso, o depoimento do ex-secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, foi transferido para quarta-feira. Na próxima quinta, vão ser ouvidos o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e representantes da Pfizer no Brasil. As oitivas dos presidentes da Fiocruz e do Butantan e do representante da vacina Sputnik V ficaram para a semana seguinte.


Fonte: Jovem Pan

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