Após dezenas de corpos terem sido encontrados perto de Kiev, valas comuns terem sido cavadas para enterrar as pessoas que, segundo a Ucrânia, algumas tinham as mãos amarradas nas costas, o presidente Volodymyr Zelensky chamou nesta segunda-feira, 4, os soldados russos de assassinos, torturadores, estupradores e saqueadores e diz que “merecem apenas a morte depois do que fizeram”. As acusações já vinham sendo realizadas nas últimas semanas e só se intensificaram depois que as tropas ucranianas retomaram o controle sobre a cidade de Bucha.
O compartilhamento das imagens dos cadáveres nas ruas chocou o mundo, e líderes de países ocidentais, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e Organização das Nações Unidas (ONU), se manifestaram sobre o ocorrido. “As informações que estão chegando desta região e de outras apresentam perguntas graves e preocupantes sobre possíveis crimes de guerra e infrações graves do direito internacional humanitário, assim como graves violações dos direitos humanos”, destacou a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet. Não se tem informações sobre a escalada do massacre, pois, segundo a procuradora-geral ucraniana, Iryna Venediktova, uma investigação está sendo realizada. Entretanto, ela adianta que cerca de 410 corpos de civis foram recuperados. O prefeito de Bucha, Anatoly Fedoruk, disse que 280 corpos foram levados para fossas coletivas porque é impossível sepultá-los nos cemitérios que estão ao alcance dos bombardeios.
A União Europeia, vai se reunir nesta segunda-feira para debater com urgência uma nova série de medidas contra Moscou. Emmanuel Macron, presidente da França, está de acordo com a aplicação de mais sanções. Olaf Scholz, chanceler alemão, informou no domingo que as novas medidas vão ser decididas nos próximos dias e seu ministro da Defesa falou sobre a possibilidade de cortar a importação de gás russo, um dos grandes trunfos das negociações de Moscou. O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, pediu a criação de uma comissão de investigação internacional sobre o “genocídio”, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse que seu país vai “fazer todo o possível para que aqueles que cometeram crimes de guerra não fiquem impunes”, ao citar também um possível “genocídio”.
Durante um vídeo disponibilizado na noite de domingo, 3, Zelensky foi implacável em sua mensagem, na qual afirmou que o mal concentrado chegou a sua terra. “Quero que cada mãe de cada soldado russo veja os corpos das pessoas mortas em Bucha, em Irpin, em Hostomel. Quero que todos os líderes da Federação Russa vejam como suas ordens são cumpridas”, acrescentou. No comunicado, ele também informou que criou um órgão especial para investigar os massacres nas áreas em que as forças russas se retiraram na região da capital, depois que Moscou reorientou a ofensiva para o sudeste da Ucrânia.
Apesar dos cenários e das imagens que estão circulando, a Rússia nega que tenha feito algo. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que funcionários do ministério russo da Defesa encontraram sinais de “falsificações nos vídeos” e de “fakes” nas imagens apresentadas pelas autoridades ucranianas como provas de um massacre atribuído à Rússia. “Com base no que vimos, não é possível confiar nestas imagens de vídeo”, afirmou Peskov, antes de acrescentar que “esta informação deve ser seriamente questionada”.
*Com informações da AFP