‘Acordei com a sirene informando o início da guerra’, diz brasileiro que está na Ucrânia

País foi alvo de ataques russos durante a madrugada desta quinta-feira, 24

No fim da noite (horário de Brasília) da quarta-feira, 23, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, autorizou o início de uma operação militar no território da Ucrânia. O movimento aconteceu dias depois de o mandatário russo reconhecer a independência das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Luhansk. Ao longo da madrugada, ao menos 16 cidades registraram bombardeios ou foram atingidas por mísseis russos. Pelo menos 40 militares e 10 civis morreram no primeiro dia de conflito. A situação e o medo de uma escalada nos confrontos fez com que milhares de ucranianos fossem às estradas e começassem a se movimentar para deixar o país. Além da população local, diversas pessoas de outras nacionalidades que estavam na Ucrânia também tentam deixar o país indo em direção às nações vizinhas, como Hungria e Romênia. É o caso do brasileiro Roberto Szyma?ski, 52, que estava em Lviv, no oeste ucraniano.

O treinador de futebol vive na Polônia, mas chegou à Ucrânia no dia 12 de janeiro e estava no país para participar de uma pré-temporada desde então. Em entrevista à Jovem Pan, Roberto afirmou que não ouviu as explosões por estar longe dos locais atingidos, mas que foi acordado na madrugada (horário local) com as sirenes de uma igreja anunciando o risco de ataques. “O local que estou é muito longe da explosão, mas acordei com sirene da igreja informado que (a Rússia) iniciou a guerra”, contou Roberto à reportagem. Ele também falou sobre o clima do país antes do anúncio oficial de Putin, afirmando que os ucranianos não achavam que os russos fossem, de fato, invadir. “Em vários momentos estávamos tranquilos. Este conflito já acontecia há mais de 10 anos e o povo ucraniano não acreditava em guerra. Nós pensávamos que a Rússia não invadiria pois era isto que o Putin dizia diversas vezes”, continuou o técnico.

Após os ataques, o treinador afirmou que o clima do país está “tenso” e que as pessoas estão indo em direção à fronteira como conseguem. “O clima está super tenso. Estou indo para fronteira, muitos carros e diversas pessoas caminhando a pé”, disse Roberto, que deve retornar à Polônia atravessando a fronteira com seu carro. Mais cedo, por volta do 12h (horário local), o ponto de controle na fronteira entre Ucrânia e Polônia registrava uma movimentação de 70 a 120 carros que tentavam deixar as cidades ucranianas. Números semelhantes foram registrados na Eslováquia e na Hungria, enquanto que a Romênia foi o destino favorito da maior parte dos ucranianos que deixou o local hoje, com 250 carros no posto de controle.

Questionado sobre os temores acerca de mais ataques ainda nesta quinta, Roberto disse que acredita que uma invasão às cidades também é possível. Além disso, ele informou que existe o temor de ataques à Lviv durante a noite, uma vez que os Estados Unidos transferiram a embaixada do país na Ucrânia para lá nas últimas semanas, como forma de se precaver a um eventual ataque a Kiev. “Acredito que possa até ter invasão. A tarde jogaram bomba próxima de aeroporto. Tenho muitas pessoas tentando sair e que [têm a] informação de que irão atacar Lviv a noite, pois a embaixada dos Estados Unidos mudou para lá”. Szyma?ski finaliza dizendo que, até o momento, conseguiu manter contato com sua família no Brasil e afirmou que todos estão muito preocupados com a situação do pais do Leste Europeu.

Orientações da Embaixada do Brasil

No começo da manhã desta quinta-feira, a Embaixada do Brasil na Ucrânia, localizada em Kiev, emitiu um comunicado orientando os brasileiros que vivem na capital ucraniana ainda não saiam do local, uma vez que longas filas foram registradas nas saídas da cidade. Para os moradores de cidades ao leste, a orientação é de procurar a embaixada em Kiev para solicitar auxílio. Os moradores do oeste do país, como Roberto, receberam uma orientação completamente diferente: deixar o território ucraniano o mais rápido possível. “A Embaixada do Brasil em Kiev recomenda que brasileiros que estejam em condições de deslocar-se por meios próprios para outros países ao oeste da Ucrânia que o façam tão logo possível, após informarem-se sobre a situação de segurança local”, diz o comunicado da embaixada.

Ataques em Lviv

A cidade em que Roberto vive, Lviv, fica distante das principais zonas de confronto, como Odessa, no sul, Kiev, e em cidades mais ao leste do país, como Donetsk e Luhansk. Mesmo assim, houve registro de bombardeios e misseis na região, que soaram por volta das 9h30 (horário local). Os moradores da cidade receberam mensagens do governo local pedindo para que as pessoas “mantivessem a calma” e “aguardassem novas instruções”. Recentemente, com o risco do ataque russo subindo rapidamente nos últimos dias, os Estados Unidos decidiram transferir sua embaixada de Kiev para Lviv. A decisão foi replicada nos últimos dias por Israel e, mais recentemente, pela Noruega, que fez o anúncio nesta quinta-feira.

Mapa da guerra

Forças russas avançam pela terra, água e ar e tomam regiões próximas da capital Kiev


Fonte: Jovem Pan

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