Um estudo feito em parceria com o Instituto Ayrton Senna e que leva em conta apenas os alunos da rede estadual de São Paulo, estudantes responderam a questionários sobre a percepção das próprias habilidades socioemocionais. Chamou a atenção o resultado dos jovens do 9º ano do Ensino Fundamental, que são os que menos tem habilidades do tipo desenvolvidas. Eles relataram falta de determinação e curiosidade para aprender e dificuldade de ser autoconfiante. Já no terceiro ano do Ensino Médio se observa que os estudantes tem mais capacidade de cumprir compromissos, mas ainda precisam desenvolver habilidades como persistência.
Uma projeção feita comparando dados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) revela que se os alunos melhorassem habilidades como a criatividade, poderiam evoluir mais de cinco meses em termos de aprendizagem em português e três meses em matemática. A pesquisa também aponta que melhorar o desempenho dessas qualidades tem impacto na diminuição da evasão e da violência escolar. Além disso, 10% dos estudantes admitiram praticar bullying com colegas. Já para os que sofrem as agressões, os principais motivos são aparência do corpo ou do rosto e racismo. Segundo o secretario de Educação Rossieli Soares, a intenção da pesquisa é ter dados para poder adequar cada vez mais o ensino não apenas ao currículo escolar — mas a formação de cidadãos.
Ele não descarta mudanças futuras no Saresp. “Não dá mais para a gente ficar com avaliações somente de questões de múltipla escolha, precisamos encontrar soluções tecnológicas para avançar. Precisamos ter esse perfil do estudante mais alinhado ao currículo que a gente acabou de apresentar.” Priscila Cruz, presidente do movimento Todos Pela Educação, enxerga pesquisas como essa muito importante para colocar em pauta as competências socioemocionais — algo que não é novo, mas que precisa começar a ser mais incorporado pela educação pública no Brasil. “Esporte e cultura são duas áreas que desenvolvem muito essas competências todas. Tem que ter espaços em cada aula para poder ter debate, instigar o aluno a ser mais curioso. Tem que ter projeto, uma educação muito mais integral, aberta, plural.” Como a pesquisa foi feita em 2019, não há dados sobre o impacto da pandemia. Um novo mapeamento será realizado no final de 2021.
Fonte: Jovem Pan