Amparado por habeas corpus, coronel não explica relação com a Davati e silencia sobre notícias falsas

Presidente da ONG Instituto Força Brasil depôs nesta terça-feira, 10, na CPI da Covid-19

Em um depoimento pouco esclarecedor na CPI da Covid-19, o coronel da reserva do Exército Helcio Bruno de Almeida recorreu diversas vezes à prerrogativa garantida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe garantiu o direito de permanecer em silêncio para não produzir provas contra si mesmo. Fundador da ONG Instituto Força Brasil (IFB), uma entidade bolsonarista que se identifica como “pró-família” e “pró-arma”, o depoente foi apontado como elo entre representantes da Davati Medical Supply e o Ministério da Saúde. O militar disse que pediu uma agenda na pasta no início de março deste ano para tratar sobre a venda de vacinas para a iniciativa privada, mas não esclareceu como e por que os supostos vendedores de imunizantes participaram do encontro na Esplanada dos Ministérios. Durante a oitiva, o site do IFB chegou a ficar momentaneamente fora do ar. Os senadores afirmaram que a comissão tem provas de que depoente desta terça-feira, 10, atuou ativamente na negociação com uma empresa intermediadora.

De acordo com Helcio Bruno, ele pediu uma agenda no Ministério da Saúde no dia 3 de março para tratar sobre vacinas para a iniciativa privada – à época, a Câmara dos Deputados analisava um projeto de lei a este respeito. O encontro no dia 12 de março e contou com a presença de Luiz Paulo Dominguetti, cabo da Polícia Militar de Minais Gerais, e Cristiano Carvalho, que se apresentaram como vendedores de imunizantes e já depuseram à CPI da Covid-19. O depoente disse que Dominguetti e Carvalho foram chamados por intermédio do reverendo Amilton Gomes de Paula, mas não esclareceu como eles souberam de sua reunião na pasta. Sempre que questionado sobre sua relação com a Davati e a disseminação de notícias falsas sobre temas relacionados à pandemia, o militar repetia que, por orientação de seus advogados, permaneceria calado.

Por volta das 15h40, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) questionou o coronel sobre uma troca de mensagens obtidas a partir da perícia do celular do cabo da PM, na qual era discutida a assinatura de um possível contrato para aquisição de doses de vacinas. Bruno ficou em silêncio. “Cada vez que diz essa frase, conjugando essa frase com o conteúdo do habeas corpus concedido, está apontando que não tem condições a minha pergunta sem se autoincriminar”, afirmou Vieira. “O documento que comprova a atuação do coronel Helcio Almeida nessa negociação com a Davati já está em posse desta CPI e tenho certeza de que o indiciamento se imporá no relatório final, para que a gente possa ter a responsabilização criminal de quem estava buscando recursos financeiros enquanto que os brasileiros buscavam por vacina e vida”, acrescentou o parlamentar.


Fonte: Jovem Pan

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