A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decide na próxima segunda-feira, 26, se autoriza a importação da Sputnik V, a vacina russa contra a Covid-19. Funcionários da Anvisa estiveram na Rússia inspecionando as condições de produção do imunizante. O órgão cobra relatórios e dados sobre a fabricação. A epidemiologista Carla Domingues acredita que a comitiva brasileira deve ter observado de perto os procedimentos e, com os subsídios constatados, poderá avaliar a liberação da Sputnik. “Ela faz uma avaliação in loco das fábricas para poder validar o processo produtivo, porque uma coisa é você ter um estudo de fase 3 concluído, que comprova a eficácia da vacina, outra coisa é avaliar a qualidade”, explica Carla. A preocupação em elevar o número de imunizantes aumenta a cada dia. Só para se ter uma ideia, uma em cada quatro cidades relata falta de vacina contra a Covid-19 para aplicar 1ª dose, segundo levantamento da Confederação Nacional de Municípios, que apurou a situação junto a 2.096 prefeituras.
Carla Domingues, que coordenou o Programa Nacional de Imunizações de 2011 à 2019, indica que, enquanto não houver regularidade e aumento do leque de compra, fatos como esse vão ocorrer com frequência. “Até que nós tenhamos tanto o Instituto Butantan quando Bio-Manguinhos conseguindo entregar as vacinas conforme o cronograma estabelecido, nós vamos ter essa intermitência. Uma hora vai ter vacina, outra hora não vai ter. Nesses locais em que você tem uma falta de entrega, a campanha será paralisada, não tem jeito”, diz. O Conselho de Municípios prevê piora na escassez de vacinas para os próximos dois meses. Em São Paulo, a coordenadora do Plano de Imunização, Regiane de Paula, indica que no Estado não há falta de vacinas para a segunda dose e acrescenta que se houver algum problema cabe ao município verificar o controle. “Não há falta, no Estado de São Paulo, dessa respectiva vacina de segunda dose. Se em algum município houve uma falta pontual, ele precisa saber porque isso aconteceu. Nós temos relatos de municípios, inclusive, que já abriram a faixa etária de 61 anos. Se eu hoje estou enviando a primeira dose de 64 anos, como que alguns municípios conseguem abrir para 61? É muito importante que os municípios fiquem atentos àquilo que está sendo enviado pelo PNI e pelo relato que a gente fez”, afirma Regiane. Outra preocupação dos municípios é a disponibilidade do chamado kit intubação, essencial para os pacientes graves do coronavírus, assim como de oxigênio hospitalar.
*Com informações do repórter Daniel Lian
Fonte: Jovem Pan