Apesar da vacinação avançada, Chile registra aumento de casos de Covid-19; entenda o que acontece

Para evitar o colapso do sistema de saúde, o Chile teve que confinar novamente a sua população

O Chile é um dos países com maior porcentagem de população vacinada contra a Covid-19 do mundo. Mais de 7 milhões de pessoas, o equivalente a 45% dos habitantes, receberam pelo menos a primeira dose da vacina. Dessas, 4 milhões já completaram o processo de imunização, totalizando 23%. Ainda assim, o país vive o seu pior momento na pandemia do coronavírus. O Chile bateu dois recordes em um único dia ao registrar 8.195 novos casos da doença e admitir mais 3.044 pacientes em unidades de terapia intensiva (UTI) na quinta-feira, 8. A ameaça de colapso do sistema hospitalar já tinha levado o governo a decretar o retorno ao lockdown, que teve início no dia 27 de março com o confinamento de 42 províncias onde vivem um total de 13,7 milhões de pessoas.

A principal suspeita é que a confiança exagerada no rápido avanço da campanha de vacinação tenha levado a uma retirada precoce das restrições impostas para evitar o avanço da Covid-19. Alexandre Naime, médico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), ressalta que reaberturas rápidas demais podem de fato causar explosões no número de casos e de mortes independente do nível de imunização da população. Isso porque, segundo ele, os imunizantes não são eficazes em evitar a propagação do novo coronavírus e portanto não são capazes de reduzirem sozinhos o número de casos leves da doença. “As vacinas diminuem a gravidade da Covid-19, a necessidade de internação e o número de óbitos, mas possuem um impacto mediano na transmissão”, explica. “Por isso, sempre repetimos que a vacinação deve ser aliada ao uso de máscara, à higiene das mãos e ao distanciamento social. A retomada da economia e da vida normal é algo que tem que ser visto como secundário, já que o mais importante é salvar vidas”, completa.

O aumento de casos no Chile também levantou questionamentos em relação à CoronaVac, que está sendo utilizada no país. Nesta terça-feira, 6, a Universidade do Chile publicou um estudo que indica que o imunizante possui eficácia de 54%, resultado semelhante aos 50,3% obtidos pelo Instituto Butantan no Brasil. No entanto, o infectologista Alexandre Naime afirmou que o fato da eficácia da CoronaVac ser comparativamente menor que a de outras vacinas disponíveis no mercado não significa que ela seja inferior. “Assim como as demais, a CoronaVac possui o grande benefício de evitar casos graves e óbitos. Nenhuma das vacinas contra a Covid-19 que temos atualmente são suficientes para acabar sozinhas com a pandemia, isso não existe”, reiterou.


Fonte: Jovem Pan

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