Depois de uma sessão bastante tumultuada, com duas interrupções causadas por bate-boca entre governistas e a cúpula da CPI da Covid-19, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), encerrou a oitiva desta quinta-feira, 12, e decidiu convocar o líder do governo do presidente Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), para um novo depoimento. O parlamentar do PP compareceu, a princípio, na condição de convidado, mas, agora como convocado, será obrigado a comparecer e dizer a verdade. Os senadores tinham o objetivo de esclarecer se Barros tinha algum envolvimento com o processo de compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin – o contrato foi rescindido pelo Ministério da Saúde após denúncias de irregularidades feitas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luis Ricardo, chefe de Importação da pasta.
A declaração de Omar Aziz em coletiva de imprensa após o encerramento da sessão ajuda a explicar o clima que tomou conta do Senado nesta quinta-feira. Questionado sobre a diferença jurídica de um convite para uma convocação, o presidente da CPI da Covid-19 disse: “O convite é uma deferência a quem a gente respeita. A convocação é para quem a gente perde o respeito e para quem desrespeita a comissão. Agora, ele [Ricardo Barros] pode ir ao Supremo pedindo para não vir. Ele quer usar a CPI, o mecanismo de investigação, para se defender, mas não para falar a verdade. Aí há uma diferença muito grande”.
A primeira interrupção no depoimento de Ricardo Barros ocorreu depois do líder do governo afirmar que a CPI da Covid-19 busca criar “narrativas” para atacar o Palácio do Planalto. O parlamentar, expoente do Centrão, também contestou a versão de Luis Miranda. Ele e o seu irmão denunciaram irregularidades na aquisição de imunizantes indianos e se reuniram com o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, no dia 20 de março, para relatar o caso – o chefe do Executivo federal passou a ser investigado pela Polícia Federal (PF) pelo suposto crime de prevaricação. “No meu Estado, o caboclo é sábio. O cara que morre pela boca é chamado de tucanaré. Devagar com o andor que o santo é de barro. Com todo o respeito que estamos tendo pelo senhor, não criamos versão. São fatos. Aqui, o Luis Miranda disse que a pessoa a que se referia [o presidente Jair Bolsonaro] era Vossa Excelência. E digo mais: se eu fosse o líder do governo, eu não pedia, não. Eu exigia que o presidente se retratasse e falasse para todo o Brasil, nas lives, que ele nunca citou seu nome [no encontro com os irmãos]. Ele nunca disse isso”, disse Aziz a Barros.
Fonte: Jovem Pan