Ataque terrorista que deixou pelo menos 14 mortos no Peru marca campanha eleitoral polarizada

Recado supostamento deixado pelo Sendero Luminoso no local de crime pede que as pessoas não votem no segundo turno das eleições presidenciais

Um ataque terrorista em uma região remota da selva do Peru deixou pelo menos 14 pessoas mortas nesta segunda-feira, 24, incluindo dois menores de idade que tiveram os seus corpos carbonizados. O crime aconteceu em uma espécie de bar e bordel de um pequeno povoado às margens do rio Ene, habitado principalmente por cultivadores de cocaína, onde a presença do Estado é bastante deficiente. As Forças Armadas do Peru indicaram que o massacre foi aparentemente cometido por remanescentes do grupo comunista Sendero Luminoso, em uma ação que os terroristas chamam de “limpeza social”. A maior prova disso seria um panfleto, deixado pelos assassinos no local, que fala da necessidade de eliminar do país “bordéis, idiotas, homossexuais e lésbicas degeneradas, drogados, pessoas indisciplinadas”. Tudo indica que o grupo, que continua atuando na região como guarda-costas e parceiro do narcotráfico, alertou aos frequentadores do bar para abandonarem o local, e o ataque foi causado por desobediência às suas ordens. Além disso, o texto deixado na cena do crime pede que os peruanos não votem nas eleições presidenciais marcadas para 6 de junho e chama de “traidores” os eleitores da candidata de direita Keiko Fujimori, que concorre contra o esquerdista Pedro Castillo em uma campanha altamente polarizada.

Nos últimos meses, os apoiadores de Keiko Fujimori tentaram vincular o Sendero Luminoso a Pedro Castillo e ao seu partido, o Peru Livre. Vários congressistas eleitos pela organização política de esquerda foram acusados de supostas ligações ao grupo terrorista, sendo que um deles, Guillermo Bermejo, está prestes a ser julgado por essa acusação. Nesse meio tempo, o sindicalista e professor Castillo sempre ressaltou sua rejeição ao terrorismo, mencionando ainda o fato de ter pertencido à milícia rural que lutou com sucesso contra o Sendero Luminoso entre 1980 e 2000, em um conflito que deixou mais de 70 mil peruanos mortos. O candidato à presidência também foi um dos primeiros a condenar o massacre de segunda-feira, 24, na selva peruana. Enquanto isso, Keiko enfrenta críticas por ser filha do autocrata Alberto Fujimori, que esteve no poder de 1990 a 2000. O ex-político está preso após condenação por vários crimes, incluindo graves violações aos direitos humanos. No sábado, 22, milhares de pessoas foram às ruas do Peru contra a candidatura de Keiko. Porém, o fato do seu pai ter colocado fim à guerra com o Sendero Luminoso, com a prisão de seu líder máximo, Abimael Guzmán, em 1992, também deu enorme popularidade ao fujimorismo.


Fonte: Jovem Pan

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