Somente no primeiro semestre deste ano, o Disque 100 recebeu mais de 33.600 denúncias de violência contra idosos. A agressão contra pessoas com mais idade vai desde a exploração ilegal dos recursos financeiros até atos violentos que levam à morte. Para conscientizar a população, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos lançou este mês uma campanha para fortalecer as redes de proteção dos direitos deste grupo. Entre as ações, a pasta quer incentivar os municípios a criarem políticas públicas específicas e um fundo de financiamento para os idosos. A ministra Damares Alves afirmou que a violência contra pessoas mais velhas é a segunda maior causa das ligações. “As denúncias vem e nos assustam porque são diversas modalidade de violência contra o idoso e nesse período de pandemia cresceu mais de 40%, quase 46%. A gente tem muito crime cibernético contra idoso, muita fraude bancária contra idoso. Então o nosso papel é inclusive usar a rede social, a proteger suas senhas, seus cartões e suas movimentações”, disse.
O tipo mais comum de violência é a negligência, quando os responsáveis deixam de oferecer cuidados básicos de higiene e saúde aos idosos. ??Em seguida, vem o abandono e as violências física, sexual, psicológica e financeira. ?Alguns dos sinais de que um idoso está sofrendo é o aspecto descuidado, com marcas no corpo mal explicadas e com familiares e cuidadores indiferentes. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mais de 60% dos casos de violência acontecem dentro de casa e os agressores mais comuns são os filhos homens. A socióloga da entidade, Maria Cecília Minayo, explica que a razão é cultural e atinge todas as classes sociais. “Essa ideia de que o idoso já não serve mais, ela é tão errônea no Brasil que 55% dos idosos brasileiros ou mantém as suas famílias ou ajudam a manter suas famílias. Retirar do convívio social ou do convívio da família é como se ‘deixa ele lá, tá quietinho, é velho’, quando ele deveria estar integrado na família.”
O isolamento dentro da família ocorre, com frequência, devido à perda auditiva decorrente da idade. A fonoaudióloga da Telex Soluções Auditivas, Luciane de Sousa, pede que os familiares tenham paciência, principalmente neste momento em que as máscaras ainda são necessárias. “Falar um pouquinho mais alto e gesticular, usar bastante os gestos. Trazer o idoso, pontuar o que está falando através dos gestos. A perda auditiva não tratada pode causar alguns problemas cognitivos, pode levar até ao Alzheimer”, ressaltou. A violência contra os idosos pode ser denunciada pelo Disque 100, em delegacias, no 190 e pelo WhatsApp (61) 99656-5008. O governo garante a preservação da identidade do denunciante.
Fonte: Jovem Pan