O país perdeu o equivalente a 7.500 piscinas olímpicas de água tratada por dia em 2019. Um estudo do Instituto Trata Brasil, divulgado nesta segunda-feira, 31, mostra a dimensão do desperdício: quase 40% de toda a água potável captada não chega às casas brasileiras. Mais da metade disso escorre por vazamentos por tubulações e falta de sistemas mais eficientes. A situação é mais grave na região Norte: com os piores índices de saneamento do país, mais da metade da água tratada é perdida. Ao todo, 35 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à água potável. Segundo o presidente executivo do Trata Brasil, Édison Carlos, em momentos de poucas chuvas, o alerta é ainda mais importante. “Quanto maior essa perda, mais água você tem que tirar da natureza, água que não precisaria, para poder cumprir a perda. Depois você tem uma perda econômica, porque ninguém vai pagar tarifa pela água que se perdeu. Essa perda econômica dificulta que ela [empresa] leve serviços para mais clientes, para quem não tem água. E por último, o pilar social: quando a rede vai ficar deteriorada, com muitos vazamentos, quem primeiro fica sem água é quem mora mais longe, os mais pobres, quem mora na periferia.”
O volume perdido anualmente no Brasil seria suficiente para abastecer mais de 63 milhões de brasileiros, o equivalente a 30% da população. E isso tudo durante uma pandemia, quando lavar as mãos é uma das principais formas de evitar o contágio por coronavírus. O presidente executivo do Trata Brasil, Édison Carlos, reforça que o investimento é o primeiro passo. “Você tem uma sobrecarga muito grande sobre essas redes, muitas vão se deteriorando em tantos anos. O certo é ir separando a cidade em pequenos pedaços e ir trocando. Todo ano ir trocando porque as perdas sempre vão aumentando, você tem que ir atacando. Depois você tem que trocar os hidrômetros muito antigos. Isso passa por investimento, novas tecnologias, novas soluções. Precisa investir. Quando as empresas abrem mão disse, só piora mesmo, porque o vazamento não vai se fechar sozinho”, disse. O novo marco legal do saneamento básico, sancionado no ano passado, prevê o fornecimento de água potável para 99% da população até o fim de 2033.
Fonte: Jovem Pan