O Brasil pode ser eleito nesta sexta-feira, 11, membro rotativo do Conselho de Segurança da ONU pela 11ª vez. O país é candidato único do grupo que engloba América Latina e Caribe. A eleição só será possível graças a uma negociação feita ainda no governo Michel Temer, já que o candidato natural agora seria Honduras. De acordo com o cientista político Guilherme Casarões, enquanto Ernesto Araújo era ministro das Relações Exteriores, o Brasil era refratário à participação em órgãos multilaterais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, com a mudança no Itamaraty, agora sob o comando de Carlos França, esse objetivo volta a ter peso. “Isso no contexto atual reflete uma inflexão importante na política externa do presidente Jair Bolsonaro. Enquanto Ernesto Araújo era chanceler, o Brasil evitou participar de reuniões multilaterais, até combateu o multilateralismo, inclusive no campo da segurança internacional. Mas agora, sob o comando do Carlos França, aparentemente, esse objetivo volta a ter um peso importante na política externa brasileira”, explica.
Ainda segundo Casarões, retornar ao Conselho de Segurança, nesse momento, significa dar um passo em direção a um desejo antigo do Brasil, que é se tornar membro permanente do órgão. Além disso, a vaga no conselho também agrada aos militares, já que isso representa o envolvimento na segurança internacional. Brasil, Índia, Alemanha e Japão lideram um movimento pela reforma do Conselho de Segurança para a inclusão de novos membros fixos, sem poder de veto. Apesar da pressão desses países, essa revisão não tem previsão de ocorrer. Em entrevista à ONU News em março de 2020, o embaixador Ronaldo Costa Filho, representante permanente do Brasil junto à ONU, defendeu que o Conselho deve refletir a realidade do mundo atual.
“No nosso entender, para que seja justa ou que seja representativa, a participação dos Estados nas Nações Unidas, o órgão tem que ser também um pouco mais equilibrado em termos da representação dos Estados-membros”, disse. O Conselho de Segurança é composto por cinco membros permanentes com direito a veto: Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França, e por dez integrantes rotativos, eleitos para mandatos de dois anos cada um. A última vez que o Brasil participou do órgão foi em 2011, ainda na gestão de Dilma Rousseff. Caso seja eleito, o país assumirá a vaga em 2022 para um mandato de dois anos.
Fonte: Jovem Pan