Na última foto postada nas redes sociais pelo brasileiro Roni de Moura, ele aparece sorrindo e, ao fundo, está a aeronave KC-390 da Força Aérea Brasileira (FAB). É noite e a localização é Lisboa, em Portugal. Ele é um dos 43 brasileiros resgatados da Ucrânia pelo Itamaraty em voo da FAB. Em conversa com a Jovem Pan durante a conexão em Portugual, Roni brincou e disse que não estava nada confortável, mas deixou claro que essa não era a preocupação. “É um pouco desconfortável, mas ninguém está ligando para conforto. Eu não estou querendo viajar de jatinho [risos]. Eu quero voltar para casa. Não importa o meio”, disse.
Duas aeronaves da FAB se deslocam para o Brasil. Uma delas foi destinada a mulheres grávidas e crianças e os demais foram alocados na KC-390. O clima no voo, segundo, foi de alívio, de finalmente sentirem-se seguros, porém todos estão exaustos. “Os últimos dias foram muito corridos, estressantes, eu perdi uns oito quilos até agora. Estou com uma aparência completamente destruída pelo estresse emocional, pelos traumas das coisas que a gente viu. De um dia para o outro, a realidade mudou e se via aquela cena realmente de guerra. Era um pouco trágico e eu vou ficar com isso muito tempo na cabeça ainda”, revela.
Pra Roni a viagem não acaba quando chegar em Brasília, pois ainda vai até Anápolis, Goiás, onde está a família. Ele se formou em medicina em Kiev, capital da Ucrânia, e estava só esperando um exame do estado para poder ter a licença de exercer a profissão. Paralelo a isso, trabalhava em uma plataforma de investimento. “Eu não sei como é que eu vou me manter no Brasil, eu não sei como como vai ser a condição do meu trabalho. É um pouco sombrio. Você tem uma situação completamente confortável e tem progresso, estava indo bem no trabalho também. Inclusive eu ganhei como melhor funcionário do mês nos últimos dois meses que eu estava trabalhando devido ao meu esforço. E as incertezas do futuro me amedrontam um pouco”, finalizou.
*Com informações da repórter Carolina Abelin