A Caatinga é um bioma que se espalha por 70% da região Nordeste do país. Com cenário típico de cactos, sendo o mais conhecido deles o mandacaru, a vegetação naturalmente sofre longos períodos de estiagem, característicos do semiárido. Entretanto, a seca tem se intensificado nos últimos 35 anos, como aponta o último levantamento do Mapbiomas: projeto de mapeamento do uso e cobertura da terra no Brasil. Entre 1985 e 2020 a caatinga perdeu 15 milhões de hectares de vegetação primária, o que representa 26,36% do total. Segundo o coordenador do estudo, professor Washington Rocha, entre os motivos para o decréscimo de vegetação nativa está o avanço da agropecuária, em muitos casos sem o manejo adequado do solo. “Por exemplo, se a gente for olhar as queimadas, o uso indiscriminado do fogo, vamos ter que é uma das práticas não recomendadas modernamente, embora venha sendo usada não só pela agricultura tradicional, mas também pelas propriedades”, afirma.
Em 35 anos a Caatinga perdeu mais de 8% da superfície de água. Muitas áreas hoje estão com risco de desertificação, segundo o especialista. “Desertificação não é um processo de formação de deserto, como alguns pensam, mas sim um processo de degradação da terra, com perda da produtividade do solo. Essa perda afeta os serviços ecossistêmicos e a produção, as terras se tornam inférteis”, explica Rocha. Ainda de acordo com o professor, a desertificação ocorre de forma lenta e, geralmente, é possível perceber que o processo de mudança está em curso no estagio mais avançado, quando já não há mais reversão. Para ele, é imprescindível que o poder público comece uma ação de reintrodução de espécies nativas nos ambientes que estão degradando.
Fonte: Jovem Pan