A população da China está crescendo no ritmo mais lento em décadas, segundo os resultados do censo 2020 que foram divulgados nesta terça-feira, 11. Nos últimos dez anos, o país adicionou apenas 72 milhões de pessoas à sua população, que chegou ao total de 1,41 bilhão de habitantes no ano passado. Dessa forma, a média de crescimento anual do período entre 2010 e 2020 foi de 0,53%, ante 0,57% entre 2000 e 2010. A taxa é a menor desde 1953, quando o primeiro censo foi realizado na China, e demonstra que o fim da lei do filho único não surtiu o efeito esperado. A medida que proibia os casais de dar irmãos aos seus herdeiros tinha como objetivo acabar com a perpetuação da pobreza e vigorou do final da década de 1970 até 2016, quando o presidente Xi Jinping passou a estimular que as mulheres engravidassem mais vezes para combater o encolhimento da força de trabalho do país. O Escritório Nacional de Estatísticas da China (NBS) afirmou que 12 milhões de bebês nasceram no ano passado, uma diminuição significativa quando comparada aos 14,65 milhões em 2019 e os 18 milhões em 2016. Além disso, o número de cidadãos com 60 anos ou mais cresceu para 264 milhões, em comparação com 177,6 milhões no censo de 2010. O veículo de mídia estatal Global Times apontou que os resultados que comprovam o envelhecimento da população servirão como referência para os planos do governo de adiar a aposentadoria nos próximos dois anos.
O envelhecimento populacional indica que os indivíduos de um país estão demandando recursos por mais anos ao mesmo tempo em que há menos força de trabalho para manter a produtividade econômica. Por anos, a China se beneficiou da sua numerosa população, que representa quase um quinto do planeta, para ter ampla mão de obra e ascender economicamente em uma velocidade nunca antes vista. Agora, se não conseguir reverter as estatísticas, pode estar em jogo as suas ambições de passar de segunda para primeira potência mundial. Em entrevista à Jovem Pan, o especialista em estudos asiáticos Alexandre Uehara explicou que, apesar da China possuir uma população idosa muito menor do que a do Japão, por exemplo, o país possui uma taxa de fecundidade comparativamente mais baixa. A consequência é que a “reposição” populacional é menor, o que representa um custo significativo mesmo para a segunda maior economia do mundo. Como a decisão de Xi Jinping de acabar com a lei do filho único parece não estar resolvendo o problema, o governo vem discutindo outras medidas, como a ampliação da licença-maternidade e incentivos financeiros e fiscais.
Fonte: Jovem Pan