O pernambucano Ozias José Lima da Silva vive há 10 anos na rua. Ele conta que saiu de casa aos 17 anos por conflitos com a família e então decidiu vir para São Paulo. Dependente químico, atualmente com 31 anos, ele trabalha como ajudante geral descarregando caminhões no centro e há 10 meses dorme no Centro Temporário de Acolhimento (CTA) do Brás. Em dias gelados, Ozias diz que o ambiente funciona bem para os que conseguem se adequar às regras do local. “Esse sistema de São Paulo é um sistema único que em outro Estados não tem. Aqui morador de rua passa frio porque ele não tem vontade de procurar um ambiente como esse, muitas pessoas que têm essas opiniões porque os albergues têm restrições”, afirmou. O CTA do Brás recebe diariamente cerca de 160 pessoas em situação de rua, onde elas têm acesso à comida, cama, cobertores e até computadores. A maioria trabalha durante o dia e volta à noite para dormir. Em momentos de queda de temperatura, a prefeitura amplia operações para acolher e atender essas pessoas. Nos maiores abrigos da cidade o movimento tem se intensificado. Segundo a Secretaria Municipal de Assistência ao Desenvolvimento Social, já são mais de 24 mil pessoas nas ruas, situação que se agravou ainda mais com a pandemia.
No entorno da Catedral de Sé, dezenas de pessoas espalhadas pelas ruas com cobertores tentavam espantar o frio. Os que não querem ou não conseguem ir para os abrigos, contam com a ajuda de voluntários que distribuem alimentos e agasalhos. Um deles, é o porteiro Nilson Barbosa, que desde 2017 ajuda a distribuir sopa e café em um projeto da paróquia São José, de Paraisópolis. “Nessa época a gente sempre intensifica, o pessoal sempre está doando roupa, porque sente muito frio. Então a gente sempre pede colaboração para doar roupa. Como a gente é de uma comunidade carente, a gente não tem muitas condições, mas a gente faz o que pode”, afirmou. Além desse cenário delicado com a chegada do frio, as autoridades se preocupam também com a Covid-19. Pessoas que procuram os abrigos em São Paulo e estão com suspeita de coronavírus, são enviadas para o Centro de Acolhida da Vila Clementino ou da Lapa.Com a chegada do imunizante da Janssen, 14 mil doses serão destinadas aos moradores rua.
*Com informações da repórter Camila Yunes