O mundo da bola está em luto. Diego Armando Maradona, um dos melhores jogadores de todos os tempos, morreu nesta quarta-feira, 25, aos 60 anos de idade devido a uma parada cardiorrespiratória. Considerado o maior ídolo da história do futebol argentino, “El Pibe”, como era conhecido, cativou apaixonados pelo esporte no mundo todo, especialmente na Argentina e em Nápoles, na Itália, em carreira que durou pouco mais de duas décadas, entre 1976 e 2001. A sua maior conquista, sem dúvida, foi o título da Copa do Mundo de 1986, quando conduziu a Albiceleste ao bicampeonato mundial, encantando o planeta com o seu talento aliado ao seu poder de decisão. O folclórico atleta, no entanto, foi muito mais do que um vencedor, tornando-se símbolo de uma nação, seja pelos acertos ou pelos erros cometidos ao longo de sua trajetória dentro e fora dos gramados.
Começo avassalador na Argentina
Oriundo de uma comunidade humilde de Lanús, província de Buenos Aires, Maradona já demonstrava habilidade com a bola nos pés desde muito cedo. Assim, os seus primeiros passos no futebol aconteceram no Argentino Juniors, clube local pequeno que o acolheu aos nove anos de idade. Impressionando os dirigentes do time com a sua velocidade, maneira de conduzir a bola e os dribles curtos, o jovem foi subindo de categoria de maneira meteórica até chegar ao profissional, com apenas 16 anos. No ano seguinte, ele já estava na seleção argentina e arrastava multidões aos estádios para acompanhar a sua maestria na condução de bola e a sua facilidade em anotar gols. Prodígio, Maradona tornou-se artilheiro do Campeonato Argentino com menos de dois anos no time profissional, em 1978. O faro de goleador, no entanto, não foi suficiente para a convocação para a Copa do Mundo do mesmo ano, a primeira vencida pelo país na história. O garoto, ainda assim, continuou evoluindo, chamando atenção internacionalmente e ganhando status de melhor atleta da América do Sul em 1979 e em 1980. Já condecorado como grande estrela no início da década, o meia-atacante cumpriu o seu sonho de criança em 1981, quando assinou com o Boca Juniors, o seu time do coração.
Logo em seu primeiro jogo com a camisa da equipe “xeneize”, Maradona atraiu mais de 65 mil pessoas à Bombombera, quando marcou duas vezes diante do Talleres, para a loucura dos fãs. O camisa 10 fez partidas inesquecíveis representando o Boca Juniors, decidindo clássicos contra o River Plate e virando ídolo incondicional da torcida boquense. O astro, assim, conseguiu tirar o time do jejum de cinco anos títulos em sua passagem, vencendo o Campeonato Argentino Metropolitano de 1981 – no ano seguinte, ele foi vendido ao Barcelona, da Espanha, por sete milhões de dólares, pouco antes da Copa do Mundo.
Diós, o maior da Seleção Argentina
Se o clamor popular não foi atendido em 1978, quando Maradona não foi relacionado para o Mundial, o desejo da nação argentina foi atendida quatro anos mais tarde, quando Maradona representou o país na Copa do Mundo. A estreia do meia-atacante no principal torneio de seleções do mundo, é verdade, não foi nada agradável. Além de ter recebido muitas faltas desleais no decorrer do torneio, o camisa 10 acabou vendo a Albiceleste ser eliminada pelo Brasil, em duelo em que ele acabou sendo expulso por uma entrada forte em Falcão, já no final do embate. A história de Maradona passou a mudar em 1986. Na Copa do Mundo realizada no México, o craque levou a seleção ao bicampeonato com muita maestria, sendo considerado pela Fifa o melhor jogador do torneio. Ali, o Diego passou de um craque para ganhar o apelido de Diós (Deus), dando alegria à população após um período turbulento em sua história, marcado por um período de repressão por causa da Ditadura Militar.
As duas Copas seguintes, é verdade, não são motivos de boas lembranças para os argentinos. Em 1990, Maradona não encantou como na edição anterior e viu a sua equipe ser derrota para a Alemanha na final. Quatro anos depois, nos Estados Unidos, o craque acabou sendo flagrado no antidoping, pegando quinze meses de punição. Ainda assim, a figura caricata, engajada nos problemas sociais do país e extremamente participativo politicamente fizeram com que Maradona se tornasse o maior de todos os tempos da seleção. Ele, aliás, chegou a comandar a seleção anos mais tarde, sendo o treinador da equipe no Mundial de 2010.
Fonte: Jovem Pan