Consciência Negra: Cinco atletas engajados na luta antirracista de 2020

LeBron James, Osaka e Hamilton são três atletas engajados na luta contra o racismo

O assassinato de George Floyd, os tiros disparados em Jacob Blake e outros casos de agressões de pessoas brancas contra negros reacenderam a luta contra o racismo não somente nos Estados Unidos, mas em todo o planeta. Em um ano marcado pela ampla adesão ao movimento “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam, em português), o esporte não ficou alheio e também ganhou líderes representativos em diversas modalidades. Neste 20 de novembro, data em que o país celebra o Dia da Consciência Negra, a Jovem Pan relembra quais foram os atletas mais engajados na causa em 2020.

LeBron James (basquete)

A NBA, de maneira geral, foi a liga mais atuante. Logo após o caso George Floyd tomar conta dos noticiários, Los Angeles Lakers, Chicago Bulls, Philadelphia 76ers e diversas outras franquias se manifestaram mostrando indignação. Em agosto, depois de Jacob Blake, um homem negro de 29 anos, ser alvejado com sete tiros por um policial branco, os jogadores do Milwaukee Bucks decidiram não entrar em quadra para a disputa do Jogo 5 contra o Orlando Magic, válido pelos Playdo campeonato – pouco tempo depois, a organização confirmou o cancelamento de outras partidas. Um jogador do basquete norte-americano, no entanto, se destacou. LeBron James, maior atleta do basquete da atualidade e ativista do movimento, se pronunciou sobre o tema em diversos momentos, exigindo mudanças no trato dos policiais com os negros. “Não importa quanto dinheiro você tenha, o quão famoso você seja ou quantas pessoas te admirem. Ser negro nos Estados Unidos é difícil. O ódio contra afro-americanos acontece todos os dias. Temos um longo caminho a percorrer como sociedade até nos sentirmos realmente iguais”, disse o astro em um de seus comentários. O posicionamento de LeBron não chegou a surpreender. Em 2014, ele encabeçou um ato de jogadores na NBA que estavam indignados com o não indiciamento de um policial que assassinou o afro-americano Eric Garner. Neste ano, porém, o craque foi além ao anunciar que participará da produção de um documentário sobre o “Massacre da Wall Street Negra”, incidente que resultou na morte de centenas de afro-americanos em 1921, em Tulsa, nos Estados Unidos, mas que é pouco recordado no país norte-americano. O filme, que será chamado de “Dreamland: The Rise and Fall of Black Wall Street” (Terra dos Sonhos: A Ascensão e a queda da Wall Street Negra), será produzido pelas gigantes Jame’S SpringHill Company em parceria com a CNN Films.

Lewis Hamilton (automobilismo)

A Fórmula 1 é dominada por uma elite de pessoas ricas, brancas e pouco interessadas em lutas sociais, como o combate ao racismo. A história passou a mudar, principalmente, nesta temporada com Lewis Hamilton, que trouxe o debate para dentro das pistas. Único piloto negro da categoria, o astro da Mercedes liderou uma manifestação no grid de largada do GP da Áustria, em que quase todos os participantes ajoelharam antes da prova em homenagem a George Floyd – o gesto se repetiu em outros circuitos. O britânico, que também participou de protestos de rua, utilizou a sua importância dentro da F-1 para conscientizar seus companheiros e levantar bandeira em uma categoria pouco engajada. Hamilton, no entanto, já afirmou que a categoria não está “completamente engajada” na causa, também reiterando que foi “silenciado pelo racismo” em tentativas anteriores de se posicionar. O inglês também não conseguiu cativar todos os seus colegas da Fórmula 1 – alguns, como Charles Leclerc, da Ferrari, falaram que não se sentiam à vontade para se posicionar sobre o tema. O britânico, ainda assim, entra no hall dos mais influentes do esporte neste ano. “Há pessoas que não entendem o motivo dos protestos, então vou continuar tentando ser um guia, uma influência para o máximo de pessoas que puder”, comentou o piloto, em julho deste ano.

Naomi Osaka (tênis)

A vitória de Naomi Osaka no US Open 2020 foi histórica para o movimento negro. A jovem de 22 anos foi quem mais levantou a bandeira da igualdade racial durante a competição, realizada em setembro. Cada vez que entrou em quadra, a tenista japonesa carregou em sua máscara o nome de uma pessoa negra que foi morta vítima do racismo e da brutalidade policial nos Estados Unidos. Ao todo, sete pessoas foram homenageadas: Breonna Taylor, Elijah Mcclain, Ahmud Arbey, Travyon Martin, George Floyd, Philando Castile e Tamir Rice. Vale lembrar que, no mês anterior, Osaka havia cogitado fazer um boicote no torneio de Cincinnati, em protesto antirracista – ela desistiu após conversar com a WTA e a USTA (Federação dos Estados Unidos).

Maya Moore (basquete)

Bicampeã olímpica (2012 e 2016), a estadunidense Maya Moore foi eleita pela revista “Time” uma das cem pessoas mais influentes do mundo em 2020. A jogadora do Minnesota Lynx, da WNBA (a liga de basquete dos EUA feminina), foi escolhida para integrar a lista após interromper a sua carreira, em fevereiro do ano passado, como um protesto ao racismo, mas principalmente para ajudar Jonathan Irons a sair da prisão. Em 1998, quando tinha apenas 16 anos, Irons foi condenado a 50 anos de prisão por assalto à mão armada – ainda que tenha se declarado inocente e com provas a seu favor. Após o auxílio de Maya, em março de 2020, o juiz Daniel Green, do Missouri, rejeitou a condenação de Irons, cerca de 20 anos após a condenação – ele acabou sendo liberado em 1º de julho.

Kenny Stills (Futebol americano)

O jogador Kenny Stills, jogador do Houston Texans, é um dos mais engajados na luta contra o racismo na NFL. Além de ter participado de diversos atos antirracistas nos Estados Unidos e registrar a luta diária negra em suas redes socais, o atleta resolveu tatuar a perna com imagens das manifestações do movimento “Black Lives Matter”. No desenho, há imagens de pessoas segurando cartazes reivindicando igualdade de direitos e o fim da segregação racial. Anteriormente, em 2019, Stills já havia feitou uma tatuagem em homenagem a John Lewis, líder negro americano que foi preso nos anos 60 por encabeçar um protesto pacífico.

 


Fonte: Jovem Pan

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