CPI da Covid-19 ouve ex-diretor do Ministério da Saúde nesta quarta-feira

A CPI da Covid-19 também deve votar a quebra dos sigilos telefônico, telemático, fiscal e bancário dos deputados Ricardo Barros e Luís Miranda

A CPI da Covid-19 recebe nesta quarta-feira, 7, o ex-diretor do Ministério da Saúde acusado de pedir propina na compra de vacinas. Roberto Dias dirigia o Departamento de Logística e é acusado pelo policial Luiz Paulo Dominguetti de ter cobrado um dólar de propina por cada dose do imunizante da AstraZeneca. Dias foi exonerado do cargo um dia após a denúncia vir à tona, em 29 de junho. Os senadores também querem saber se houve envolvimento do ex-servidor na assinatura do contrato com a Covaxin. Para o senador Marcos Rogério (DEM), o depoimento é oportuno. “O depoimento é importante porque vai poder trazer informações sobre tudo que aconteceu no âmbito da diretoria de logística ao longo desse tempo. Mas de modo muito particular ele terá a oportunidade também de enfrentar questionamentos de uma acusação que foi feita”, disse. Nesta terça-feira, o colegiado ouviu Regina Célia Oliveira, fiscal do contrato para compra da Covaxin. A servidora negou ter sido indicada politicamente e refutou ligação com o deputado federal Ricardo Barros.

“Minha nomeação em todos esses cargos que relatei aos senhores no início da minha fala foram unicamente por razões técnicas. Não tive nenhum patrocínio, não conheço nenhum político que possa ter intervindo na minha nomeação”, disse, embora tenha admitido que foi nomeada pela primeira vez para cargo comissionado em 2016, quando o ministro da Saúde era Ricardo Barros. Regina Célia Oliveira foi citada pelos irmãos Miranda, que relataram pressão atípica do governo para adquirir a vacina indiana. Os senadores a questionaram o motivo dela ter dado sequência ao processo, mesmo com a documentação irregular. Em resposta, ela alegou que a Madison Biotech, empresa de Cingapura ligada à farmacêutica Bharat Biotech, não constava no contrato negociado e afirmou que autorizou apenas a quantidade de medicamentos importados, mas não deu aval para os papéis. A servidora declarou que não considerou o contrato para a compra da Covaxin atípico ou irregular e disse ter submetido o documento a outro departamento da pasta.

Regina Célia detalhou ter sido nomeada em 22 de março para acompanhar o contrato de compra da vacina indiana, assinado em 25 de fevereiro. A indicação ocorreu dois dias após os irmãos Miranda levarem ao presidente Jair Bolsonaro a denúncia de pressões indevidas para aquisição do imunizante. A fiscal explicou que só depois de assumir a fiscalização notificou a intermediária Precisa por atraso na entrega de vacinas e negou qualquer tipo de pressão. “Nunca recebi nenhuma pressão em relação a esse contrato”, afirmou. Durante a sessão, a senadora Simone Tebet (MDB) acusou o governo de manipular documentos utilizados para rebater as acusações de irregularidades na compra da Covaxin. A nota fiscal foi apresentada pelo ministro Onyx Lorenzoni logo após as acusações dos irmãos Miranda. Apontando para diversos erros no documento, Simone Tebet mostrou o que segundo ela, seria uma “clara comprovação de falsidade de documento privado”.


Fonte: Jovem Pan

Comentários