Crime bárbaro no eSports expõe machismo no mundo gamer: ‘Sofri ataques por causa da eliminação de um menino’, diz jogadora

Jaguares promove inclusão de LGBTQI+, mulheres e pessoas em situação de vulnerabilidade no mundo dos games; à esquerda, Mariana Sabia

Quando se é mulher no mundo dos jogos eletrônicos, nunca é cedo o suficiente para aprender como lidar com as intempéries do dia a dia. Ainda aos 9 anos, idade com a qual começou a jogar CS-GO com o irmão por diversão, Mariana Sabia, conhecida como “LittleZ”, percebia que era tratada de forma diferente em relação a outros colegas do sexo masculino no mundo virtual. A violência não era velada. “No jogo mesmo, tinha várias pessoas me xingando, mandando eu ir lavar a louça, falando que ali não era lugar de mulher. Isso vem desde sempre. Desde que eu aprendi a jogar”, recorda. Ela se tornou profissional aos 14. Hoje, aos 16, é vista como promessa no cenário nacional dos eSports, que têm ganhado relevância país nos últimos anos. Apesar da maioria do público considerado gamer no Brasil ser formada por mulheres (53,8% do quantitativo total de jogadores, segundo dados da Pesquisa Game Brasil 2020), a falta de oportunidades e investimento faz com que o setor de profissionais seja formado majoritariamente pelo público masculino, o que reflete diretamente nos obstáculos muitas vezes sexistas colocados no caminho de cada uma das players que enveredam na carreira.

Dentro dos jogos, xingadas ou silenciadas

Todas as atletas e ex-atletas de eSports ouvidas pela reportagem da Jovem Pan têm pelo menos uma história de agressão verbal sofrida durante partidas ou dentro do ambiente dos jogos. Para elas, o machismo dentro do mundo virtual se parece com o enfrentado ao andar na rua, mas costuma ser potencializado pela sensação de impunidade que o agressor tem por trás das telas. “Nós sempre sofremos preconceito dentro e fora do jogo. As pessoas não te conhecem, não te acompanham e não te respeitam pelo simples fato de você ser mulher. Isso, infelizmente, acontece com uma certa frequência. No meu caso, que costumo jogar Free Fire, tenho certeza de que a maioria das mulheres já passou por algum tipo de situação ruim, o que é muito triste”, afirma Marina Vieira, conhecida como “Mari Gamer”, primeira mulher a integrar a equipe Los Grandes e streamer da Nimo TV. Para a jogadora, o respeito e admiração por parte do público surgiu conforme o nome dela foi ganhando espaço na cena.


Fonte: Jovem Pan

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