Crise da vacina de Oxford gera atrasos na campanha de imunização da União Europeia

A União Europeia comprou vacinas de diversas farmacêuticas, mas ainda assim está com a campanha de imunização atrasada

O responsável pela campanha de vacinação contra a Covid-19 na União Europeia, Thierry Breton, atribuiu à farmacêutica sueco-britânica AstraZeneca a culpa do bloco não ter conseguido cumprir o seu objetivo de inocular 80% dos idosos até o final de março. Em entrevista ao jornal francês Le Parisien, o comissário afirmou que os 27 países-membro estariam no mesmo patamar que o Reino Unido em termos de imunização caso tivessem recebido todas as vacinas de Oxford contratadas. “Posso dizer que a turbulência que vivenciamos deve-se exclusivamente ao fracasso da AstraZeneca em entregar. No primeiro trimestre, a AstraZeneca entregou apenas um quarto das doses que pedimos, enquanto os britânicos receberam todas, embora nosso contrato tenha sido assinado antes deles, em agosto de 2020”, defendeu. O Reino Unido negou essa afirmação, dizendo que a farmacêutica também não cumpriu os seus compromissos com o governo britânico. No entanto, é inegável que a campanha de vacinação do país está mais avançado do que a da União Europeia. Dados do Centro Europeu de Prevenção de Doenças divulgados nesta segunda-feira, 5, indicam que nos países do bloco uma média de 59,8% dos idosos com 80 anos ou mais receberam pelo menos a primeira dose da vacina. Já na Inglaterra, no País de Gales e na Escócia, esse mesmo índice está acima dos 98%.

De fato, o atraso da campanha de vacinação contra a Covid-19 da União Europeia não foi causada pela falta de compra de imunizantes. O bloco gastou mais de dois bilhões de euros para fechar acordos com seis laboratórios diferentes, que lhe garantem um total de 1,1 bilhão de doses, com opção de adquirir mais 500 milhões no futuro. Além da AstraZenecaUniversidade de Oxford, os países-membro já estão utilizando as vacinas da PfizerBioNTech e da Moderna, sendo que as primeiras doses da Johnson & Johnson devem chegar a partir do dia 19 de abril. Também estão garantidas unidades da Curevac e da Sanofi, que ainda não solicitaram autorização de uso emergencial da União Europeia. Porém, os atrasos nas entregas da vacina de Oxford causaram um rombo significativo: até agora, a AstraZeneca entregou apenas 30 milhões das 90 milhões de doses que haviam sido prometidas para o primeiro trimestre de 2021. Além disso, a farmacêutica já alertou que, no segundo trimestre, fornecerá apenas 70 milhões, ao invés dos 180 milhões previstos inicialmente no contrato de venda.


Fonte: Jovem Pan

Comentários