Depoimento de Wajngarten à CPI da Covid-19 teve bate-boca e ameaça de prisão

Wajngarten poupou Bolsonaro e Pazuello de críticas, mas apresentou carta da Pfizer que comprova omissão do governo nas tratativas com a farmacêutica

A CPI da Covid-19 ouviu, nesta quarta-feira, 12, o ex-secretário especial de Comunicação da Presidência da República (Secom) Fabio Wajngarten. A oitiva, que durou mais de oito horas, foi marcada por bate-boca entre parlamentares, críticas dos integrantes da comissão às respostas evasivas do depoente e ameaça de prisão, medida defendida por senadores que alegaram que o ex-chefe da Secom estava mentindo ao colegiado. Em razão disso, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), decidiu encaminhar o teor do depoimento ao Ministério Público Federal (MPF). Como a Jovem Pan mostrou, o Palácio do Planalto monitorava de perto os desdobramentos da fala de Wajngarten à comissão. Apesar do temor de auxiliares do presidente da República, o ex-secretário do governo poupou o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello de críticas. Em determinado momento, chegou a dizer que o general do Exército “foi corajoso de assumir uma pasta no pior momento da história do Brasil e talvez o pior da história do mundo”.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) questionou Wajngarten sobre uma entrevista dada à revista “Veja”, na qual o ex-secretário afirmou que o governo brasileiro não firmou contrato com a Pfizer para a aquisição de 70 milhões de doses do imunizante porque houve “ineficiência” e “incompetência” de gestores do Ministério da Saúde. À parlamentar, ele respondeu que nunca havia dito isso. Minutos depois, o veículo divulgou o áudio da conversa, na qual o ex-chefe da Secom responde de forma enfática que viu como incompetência a atuação da pasta. “Esse espetáculo de mentiras que vimos aqui é algo que não vai se repetir e não pode servir de precedente”, disse o relator Renan Calheiros (MDB-AL) ao pedir a prisão do depoente. O pedido foi negado pelo presidente da CPI, Omar Aziz. “Eu não tomarei essa decisão. Tenho tomado decisões muito equilibradas. Mas ser carcereiro de alguém, não. Eu sou um democrata. Se ele mentiu, temos como pedir o indiciamento dele ao Ministério Público. Aqui não é um tribunal de julgamento”, disse Aziz.


Fonte: Jovem Pan

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