Diagnóstico precoce é fundamental para que pessoas com espectro autista se desenvolvam; entenda

Pessoas que têm o Transtorno do Espectro Autista podem possuir algum grau de comprometimento na área da comunicação, interação social e seguem padrões repetitivos; no entanto, a condição é ampla e não existem características específicas

Durante a infância e parte da adolescência, a estudante de engenharia da Universidade Federal do Paraná, Polyana Sá, se sentia destoante dos colegas. A jovem nunca manifestou os mesmos interesses que as pessoas da idade dela, que tiravam sarro por ela falar palavras difíceis e gostar, de forma exacerbada, de determinados temas. Aos 16 anos, em consulta com um psiquiatra para tratar um quadro depressivo, Polyana foi diagnosticada com o Transtorno do Espectro Autista. “Foi um momento libertador, apesar do início ser um pouco confuso, eu não sabia muito bem com o que estava lidando. Afinal, estava presa no estereótipo. As referências que eu tinha de autistas dentro das mídias, que me eram fornecidas, eram muito estereotipadas, era aquela coisa do garoto autista branco que ou se enquadra no alto nível de habilidade ou que demanda alto nível de suporte substancial”, conta.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 70 milhões de pessoas tenham autismo em todo o mundo, sendo 2 milhões somente no Brasil. As pessoas que têm o Transtorno do Espectro Autista possuem algum grau de comprometimento na área da comunicação, interação social e seguem padrões repetitivos. No entanto, a condição é ampla e não existem características específicas. A analista de comportamento e supervisora do Grupo Conduzir, Caroline Espíndola, ressalta que o diagnóstico nos primeiros anos de vida é ideal para desenvolver o sistema neurológico de cada indivíduo. “Ainda que a pessoa chegue na adolescência, 15 anos, 16 anos, 20 anos, 20 e poucos, ainda é possível entender quais são as potencialidade dela, quais são as dificuldades, como posso favorecer para que tenha melhor qualidade de vida, um bem estar, uma relação melhor com o meio. Sempre considerando a individualidade dessa pessoa, independente da idade que ela tem”, explica.

Nesta sexta-feira, dia 18 de junho, é comemorado o Dia do Orgulho Autista, em que pessoas próximas à causa têm a voz amplificada para disseminar informações e acabar com preconceitos, como o chamado “capacitismo”. Em sociedades capacitistas, a deficiência é vista como algo a ser curado e superado. Desde que foi diagnosticada, há cinco anos, Polyana tem seguido um caminho de autoconhecimento que a transformou em ativista. Ela pede que a sociedade ouça mais as pessoas com autismo. “É a diversidade humana que a gente está falando. Nós somos indivíduos diversos e a neurodivergência se enquadra nisso, é uma forma de diversidade. A gente precisa aceitar, a gente não precisa curar, a gente não precisa dizer que há algo de errado”, conclui.


Fonte: Jovem Pan

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