Dimas Covas contradiz Pazuello e revela oferta da CoronaVac ignorada pelo governo Bolsonaro

Dimas Covas disse que Brasil poderia ter sido o primeiro país a vacinar e que, em dezembro, Butantan tinha 5,5 milhões de doses em estoque

Em seu depoimento à CPI da Covid-19, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que as declarações do presidente Jair Bolsonaro e de integrantes da cúpula do Ministério da Saúde causaram a paralisação das negociações para a aquisição da CoronaVac por três meses. O médico também revelou que a primeira oferta do órgão, feita em 30 de julho, previa a entrega de 60 milhões de doses do imunizante até dezembro de 2020 – o contrato sobre as primeiras 46 milhões de doses só foi assinado no dia 7 de janeiro deste ano. De acordo com Covas, isto daria ao Brasil a possibilidade de ser o primeiro país a iniciar a campanha de imunização contra o coronavírus.

Dimas Covas também contradisse o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que, em sua oitiva, na semana passada, afirmou que as declarações de Bolsonaro contra o imunizante não tiveram impacto nas negociações do governo federal com o Instituto Butantan. Segundo o diretor do Butantan, ele chegou a ser convidado a participar de um evento, em outubro, no Palácio do Planalto, que lançaria a CoronaVac como a “vacina do Brasil”. “Estava indo tudo bem, Pazuello dizia que esta seria a vacina do Brasil”, disse o diretor. “Até que houve manifestação do presidente da República dizendo que a vacina não seria incorporada ao PNI”, acrescentou. Aos senadores, o depoente também ressaltou que, em dezembro do ano passado, o instituto tinha 5,5 milhões de doses prontas em estoque. “O mundo começou a vacinar em dezembro. O Brasil poderia ter sido o primeiro país a iniciar a vacinação”.

No final da sessão, o senador Jean Paul Prates (PT-RN), líder da minoria no Senado, perguntou a Dimas Covas se o governo federal “atuou para estimular” a produção da CoronaVac. “Não houve estímulo governamental para o seu desenvolvimento”, afirmou. “Essa vacina não teve o apoio na hora em que foi solicitado, o que poderia ter dado velocidade maior ao desenvolvimento [do imunizante] e um quantitativo maior de vacinas disponíveis”, seguiu. Diante das revelações do diretor do Instituto Butantan, parlamentares avaliaram, durante a sessão, que o depoimento é “demolidor”.


Fonte: Jovem Pan

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