Diretor de ‘banco fake’ expõe fraudes no contrato assinado para a compra da Covaxin

Roberto Pereira Ramos, diretor-presidente da FIB Bank, depôs nesta quarta-feira, 25, à CPI da Covid-19

O depoimento de Roberto Pereira Ramos, diretor-presidente da FIB Bank, reforçou a suspeita dos senadores da CPI da Covid-19 de que trata-se de uma empresa de fachada cercada de fraudes. A começar pelo nome: apesar de se identificar como banco, o depoente admitiu que representa uma sociedade anônima que presta garantias fidejussórias. A companhia emitiu uma carta-fiança no valor de R$ 80,7 milhões como garantia para o processo de aquisição de 20 milhões de doses da vacina Covaxin. O montante equivale a 5% do valor total do contrato de R$ 1,6 bilhão assinado pelo Ministério da Saúde – a quantia chegou a ser empenhada mas o acordo foi suspenso pela pasta após a denúncia de irregularidades feita pelos irmãos Luis Miranda (DEM-DF) e Luis Ricardo Miranda, chefe de Importação da Saúde.

A primeira inconsistência foi apontada no início do depoimento. A FIB Bank havia encaminhado à CPI a carta de fiança com a data de 17 de março. Na sessão desta quarta, porém, o funcionário da empresa informou uma data diferente (17 de fevereiro), e foi acusado de fraudar o conteúdo encaminhado anteriormente à comissão. O contrato envolvendo a Covaxin foi assinado pelo governo Bolsonaro no dia 25 de fevereiro. De um modo geral, as informações apresentadas pelo depoente não convenceram os senadores, que ironizaram, inclusive, o nome da empresa. Em tradução livre do inglês para o português, a palavra “fib” significa “mentira”. “É o lorota Bank”, disse o senador Rogério Carvalho (PT-SE).

À CPI, Roberto Pereira Ramos reafirmou que o capital social da companhia é de R$ 7,5 bilhões, composto por dois imóveis que pertencem às empresas MB Guaçu e à Pico do Juazeiro. Um deles, inclusive, custaria R$ 7,2 bilhões, um valor equivalente ao do Palácio de Buckingham, residência oficial da monarquia britância, como ressaltou o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM). Além disso, um aspecto não foi esclarecido: dois sócios da MB Guaçu estão mortos, mas, segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), há registro de movimentação financeira realizada após a data de registro do atestado de óbito. Questionado, Ramos ficou em silêncio. Para os senadores, porém, os imóveis sequer existem.


Fonte: Jovem Pan

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