Doação de medula é fundamental para tratar leucemia, pode salvar vidas, mas depende de colaboração

Doações de medula óssea podem salvar vidas

A médica Samira Ribeiro, de 39 anos, descobriu uma leucemia mieloide aguda em 2019 após começar a sentir palpitações e perceber que ficava ofegante com frequência em situações básicas, como subir poucos degraus. Por ser uma pessoa ativa, ela estranhou os sintomas e buscou um cardiologista. Vários exames foram feitos e nenhum apontou qualquer arritmia no coração de Samira. Ela continuou investigando e depois de uma bateria de exames de sangue recebeu o diagnóstico de leucemia. Após 4 ciclos de quimioterapia, Samira não teria outra chance de cura senão um transplante de medula óssea, mas nenhum familiar era compatível para realizar o procedimento. Ela entrou na fila do transplante e quatro meses depois encontrou um doador com quase 100% de compatibilidade.

Samira se diz extremamente grata a esse doador e pretende conhecê-lo. “Foi uma alegria imensa receber essa ligação e esse homem, que eu só sei que é um homem, ainda não o conheci porque por toda uma legislação a gente só pode se conhecer depois de um ano e seis meses se ambos quiserem se conhecer”, disse. O hematologista do AC Camargo, Jayr Schmidt Filho explica que ao descobrir um câncer ou outra doença que precise de transplante, os familiares são sempre os primeiros cogitados para o procedimento, principalmente os irmãos. Mas, em casos como o da Samira, que não há uma compatibilidade grande, é necessário entrar na fila para buscar um doador. “O transplante de medula representa em muitos casos a única opção terapêutica que a gente tem para algumas doenças. E às vezes a gente se depara com algumas situações na qual o próprio paciente não conhece os seus familiares. Você ter um registro que seja bem representativo e que a gente consiga selecionar doadores é fundamental”, analisou.

O médico afirma que o processo é totalmente seguro, inclusive para o doador, que passa por uma rigorosa triagem. No Brasil, a chance de encontrar uma medula óssea compatível com alguém fora do círculo familiar é de uma em 100 mil, podendo ser até de uma em um milhão se não houver procura no exterior. A pediatra não esconde a emoção ao falar sobre a importância de atitudes como essa. “É uma chance de você se doar para o próximo, porque ninguém sai perdendo, todo mundo só ganha na doação da medula. É algo rápido, tem toda a assistência, é praticamente indolor. É algo inexplicável, a gratidão que a gente tem por um doador”, explicou. O professor de biologia Adriano Araújo doa sangue de 3 em 3 meses há 20 anos e também pretende ser um doador de medula. Ele sabe a relevância do gesto para a vida de outras pessoas.


Fonte: Jovem Pan

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