A doação de empresas para construção da nova fábrica de vacinas do Butantan chegou a R$ 180 milhões. De acordo com o Instituto, a previsão é de inaugurar o espaço em setembro, mas o funcionamento efetivo começa em dezembro. A governança compartilhada reduz a burocracia e é uma corrida contra o tempo em meio à pandemia. A fábrica, batizada de Centro Multipropósito para produção de Vacinas, terá sete mil metros quadrados, quatro vezes maior do que a atual. A estrutura física do edifício, que já existe na Zona Oeste de São Paulo, passa por reformas. A secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, destaca que a produção nacional do imunizante depende do novo prédio. “Nós conseguimos a mobilização aqui de quase R$ 200 milhões, estamos em R$ 180 milhões de captação de recursos privados para financiamento da nova fábrica do Butantan que será utilizada tanto para a fabricação de novas vacinas existentes em parceria com a Sinovac como a nova vacina ButanVac, que prevê uso de insumos locais, e também para o soro de plasma que está sendo muito bem sucedido, temos bons indícios do resultado para tratamento de Covid.”
A nova fábrica deve estar funcionando em plena capacidade a partir do início de 2022. Em audiência pública na Câmara, a secretária Patrícia Ellen cobrou mais recursos federais para a pesquisa no país: “O cenário é muito preocupante, não há recursos para os testes nem para as vacinas existentes claramente. Somente no Estado de São Paulo, para termos uma ideia, estamos acompanhando o portfólio de 12 vacinas em diferentes estágios de acompanhamento. A única vacina que teve algum apoio do governo federal foi esta vacina da Versamune, valor mais ou menos de R$ 3 milhões a fase inicial dos estudos. Corte de recursos, falta de planejamento e tensão diplomática internacional. Essas três coisas juntas estão fazendo com que vidas sejam ceifadas desnecessariamente todos os dias no nosso país.”
Patrícia Ellen lembra que até mesmo as universidades federais carecem de recursos para pesquisas. O representante da secretaria especial de Fazenda do Ministério da Economia, Glauber de Queiróz, reconhece as dificuldades. “O cenário é muito complexo, a gente está com um empenho em resolver a situação e obedecer as legislações que por vezes nos impõem grandes desafios de conciliação, e o que a gente está fazendo aqui é justamente isso. Procurar equilibrar as exigências de cumprimento do teto de gastos, que é constitucional, com as exigências da sociedade civil e do desenvolvimento científico e tecnológico.” Glauber de Queiróz acrescenta que o cenário fiscal no Brasil é restritivo. Já o Butantan pretende produzir 100 milhões de vacinas por ano contra o coronavírus com a nova fábrica em São Paulo.
* Com informações do repórter Daniel Lian