Com o agravamento da erupção do vulcão Cumbre Vieja, nas Ilhas Canárias, o aeroporto de La Palma teve que ser fechado neste sábado, 25. Em entrevista ao Jornal da Manhã, o sismólogo Bruno Collaço, do Centro de Sismologia da USP, comentou o assunto, explicando o que ocasionou o evento e os riscos relacionados ao Brasil. Segundo ele, cientificamente havia a possibilidade de um tsunami ser provocado e chegar à costa brasileira, entretanto, as chances são baixas e a ameaça é praticamente inexistente.
“Poderia acontecer cientificamente, um tsunami no Brasil. É possível. O mecanismo poderia gerar isso. O vulcanismo está sempre associado a sismicidade, um tremor de terra que ocorre na região, e não só isso, a própria erupção do vulcão pode desmontar, fazer com que desabe a partir do cume, fazendo com que parte da parede do vulcão caia na água. Algo parecido com uma pedra que é jogada em um lago, gerando ondas. O que geraria o tsunami seria essa imensa rocha caindo na água e gerando a onda. Mas para isso acontecer teria que ocorrer um tremor de magnitude altíssima, que é algo que a gente não vê na região, algo perto de 8, e a região tem algo perto de 5. Além disso, se fosse desmoronar a parede do vulcão com a erupção, seria parte do sul da ilha inteiro que teria que desaparecer de uma hora para outra, um bloco de 15 Km de espessura e 1,5 Km de extensão, que teria que cair na água. Apesar de ser cientificamente possível, é muito pouco provável”, afirma Collaço.
Segundo o sismólogo, a atividade do vulcão Cumbre Vieja ainda deve durar por alguns meses, mas, mesmo assim, o risco em relação ao Brasil permanece muito baixo. “Não existe mais nenhum risco de tsunami no Brasil. É uma possibilidade que já foi debatida há décadas, começou nos anos 2000, com pesquisadores que levantaram essa hipótese, sempre levando em conta os piores números para o momento em que o vulcão entrasse em erupção, que teria que fazer parte da ilha desaparecer. E não foi o que aconteceu, então a chance é baixíssima”, diz. “A tendência é que a erupção do Cumbre Vieja continue por alguns meses ainda, dois ou três meses, com lava sendo expelida, muita cinza, o que traria muitos problemas para a população local. E não dá para prever se vai piorar. A gente continua com o monitoramento da atividade sísmica, porque o aumento dela indica se pode acontecer uma erupção maior ou não”, comentou Collaço.
Fonte: Jovem Pan