Escolha de Flávia Arruda para a Secretaria de Governo é aceno para o Centrão pensando em 2022

Flávia Arruda é aliada do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira

No fim da tarde da segunda-feira, 29, o presidente Jair Bolsonaro anunciou uma reforma ministerial envolvendo seis pastas. A mais esperada ocorreu no Ministério das Relações Exteriores, com a troca de Ernesto Araújo pelo embaixador Carlos Alberto Franco França. Outra nomeação, no entanto, surpreendeu o meio político: a deputada Flávia Arruda (PL-DF) foi anunciada como ministra da Secretaria de Governo (SeGov), posto ocupado pelo general Luiz Eduardo Ramos, transferido para a Casa Civil. A escolha representou um aceno ao Centrão, menos de uma semana depois de o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), ter falado em “remédios políticos amargos” contra o governo federal, e mostra como o Palácio do Planalto se articula pensando nas eleições presidenciais de 2022.

Parlamentares ouvidos pela Jovem Pan definem Flávia Arruda como uma deputada conciliadora e com bom trânsito no Congresso, apesar da inexperiência política – ela está em seu primeiro mandato. Casada com o ex-governador do Distrito Federal (DF), José Roberto Arruda, preso e condenado no âmbito da operação Caixa de Pandora, que desvendou um esquema de corrupção no DF, a deputada é uma das mais importantes aliadas do presidente da Câmara e preside a Comissão Mista de Orçamento (CMO). A instalação da CMO, inclusive, ocorreu de forma tardia porque Lira tentou emplacar o nome de Flávia a despeito de um acordo que previa a indicação do deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) para o posto. Justamente por isso, a indicação é uma demonstração de força do comandante da Casa, que passa a ter uma interlocutora alçada à condição de ministra palaciana.

A escolha de Flávia Arruda para a SeGov atende a uma demanda do PL, um dos partidos da base aliada do presidente Jair Bolsonaro, mas não estava no radar, ao menos no começo do dia ontem, de líderes do governo e de integrantes da cúpula do Congresso. “Eu fui absolutamente surpreendido, a Flávia também. Não tinha essa indicação no meu radar, não me consultaram”, disse à Jovem Pan o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), correligionário e amigo da nova ministra. “Foi um gesto, sim, aos partidos que dão sustentação ao governo, ao presidente Arthur Lira”, acrescentou. O vice da Câmara pondera, no entanto, que a relação da nova secretária de governo com o Parlamento depende do nível de autoridade que o presidente dá a quem chefia o cargo. “É preciso que o secretário de governo tenha autoridade transversal dentro do governo. Ela tem que ser empoderada para exercer função e garantir o cumprimento dos acordos firmados com parlamentares”, avalia.


Fonte: Jovem Pan

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